sábado, 24 de fevereiro de 2018

Conto de intervenção

Quando ouvi o relato sobre a intervenção me veio a cabeça um conto de Átomo U-Sal, William Sertório ou Luiz Coelho Medina. Imaginei o que esses três geniais amigos escreveriam sobre o tema caso ele fosse dado como encomenda.
Imaginei a intervenção como uma nuvem de poeira cósmica vinda de Cosmogonópolis. Ali, entre Nilópolis e a Baixada de Jacarepaguá, com soldados blindados de azul e branco para comemorar o título da Beija flor.
Os graduados estavam lindamente vestidos de azul e amarelo como uma referência do Tuiti.
Eles tinham uma tarefa extremamente árdua. Travar de uma vez por todas uma batalha enfurecida contra os agentes da segurança pública que haviam espalhado a mando de empresários e seus burocratas politicuns espalhados por todo o espaço territorial e apoiados por seus juizuns nada confiáveis o terror nas populações que marginalizadas começaram a reagir contra o modus operandi daqueles déspotas escolhidos pelas capitanias hereditárias como donos dos reais desejos divinos.
Estava tudo tramado. O plano era acabar com a carcomida agremiação de vilões que implodiam a moral, o respeito, o direito de ir e vir e a família, tudo isso antes de o lugar ir completamente para o espaço por causa da imensa produção bélica que tomava proporções incontroláveis.
Os canhões de raios neon jubiláicos estavam todos prontos e apontados para a cidade. Eram oito da noite quando o rei de Cosmogonópolis deu a ordem para que fosse feita a justiça sideral sobre a triste realidade. A intervenção enfim começara.
Os gabinetes de comandantes foram invadidos e todos os cadernos queimados. A falta de controle de dados era a princiapal forma de rachar aquele grupo a fim de facilitar o seu domínio. Fornecedores legais e ilegais foram perdidos, celulares foram igualmente destruídos. Pronto, a primeira parte da missão tivera sido um sucesso sem que nenhum tiro fosse disparado.
Homens e mulheres de azul e branco saídos das nuvens pareciam se multiplicar por todas as regiões. Os agentes do mal eram aniquilados a medida em que chegam próximos a esses agentes e os raios de sofists eram lançados em suas direções. Eles não tinham argumentos sólidos para o embate, e ficaram extremamente vulneráveis.
Os oficiais amarelos e azuis tomaram os meios de comunicação daquela terra fazendo com que nada fosse
publicado contra a população. Eles trabalhavam apenas com a inteligência que havia sido negligenciada por décadas e que levara aquele povão ao abismo social em que se encontrava.
A intervenção foi um sucesso!
Ao sair do quarto em que brincava no interior da favela onde morava o menino que imaginava ser o rei da intervenção, com aquela lata velha onde se passava a situação infantil se deparou com outra realidade. Mas meninos são gênios.