quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Estudo geológico pode evitar tragédia
Construir em áreas mesmo de vegetação conservada pode ser muito perigoso. Aspecto de Praia Brava, Angra dos Reis,RJ. Veja que a vegetação é preservada, mas os solos podem ser muito rasos.
Morar em área de encosta pode custar muito caro ao morador e ao poder público. Essa reportagem saiu no site da Veja.
Por Luiz França
O desencontro entre projetos arquitetônicos e as características dos terrenos onde edificações são de fato erguidas está na origem de desastres como o ocorrido na semana passada em Angra dos Reis, no litoral fluminense. Quem defende a tese é o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, consultor em geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente. Por isso, quem pretende comprar um terreno para construção, especialmente em zonas de encosta, deve respeitar as características naturais da área e levar em consideração não apenas os cálculos de estrutura da fundação, mas também análises geológicas.
O estudo oferece ao projetista o quadro completo dos fenômenos geológicos que podem afetar a área escolhida. "Para a aquisição de terrenos, especialmente em regiões caracterizadas por riscos geológicos, a análise deveria ser uma exigência do comprador", diz Santos.
Dieter Muehe, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acrescenta que, em geral, os projetos de arquitetura só fazem a sondagem por meio de cálculos para verificar a profundidade e resistência das estacas. "Isso deixa de fora os aspectos que vão dizer quais as possibilidades da ocorrência de desmoronamentos", diz Muehe.
De acordo com o professor, a tragédia ocorrida na Enseada do Bananal, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, é uma prova de que apenas raízes das árvores não dão sustentação a uma encosta. "Quem avistava de longe a área recoberta por verde não imaginaria que tudo aquilo poderia desabar", diz. "Caiu porque era uma camada não muito espessa de terra em cima de um maciço de rocha para a qual raiz nenhuma dá sustentação." Análises de solo, exploração aérea ou uma simples foto de satélite podem ajudar no diagnóstico. "Cicatrizes de escorregamentos no passado podem servir como orientações", explica Muehe.
Nem todos os arquitetos, porém, conhecem a recomendação dos geólogos. Fernando Brandão, vice-presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA), afirma que todo projeto realizado em áreas de risco é acompanhado por um engenheiro de estrutura de fundações. "Eu não sabia que o geólogo fazia esse tipo de cálculo para construção civil", diz.
Os estudos geológicos e geotécnicos podem, por fim, encarecer o custo do projeto. Segundo o geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, o trabalho pode representar até 40% do valor do trabalho - que, por sua vez, corresponde no máximo a 5% do custo total do empreendimento.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/angra-reis-tragedia-desmoronamento-523587.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
Observe que o campo parece novo aos profissionais que trabalham com construção, mas na verdade esse modo de trabalho é um "upgrade" para que eventos como estes não tornem a acontecer. Vale a pena uma análise.
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