quarta-feira, 25 de junho de 2008

Favela: necessidade, cumplicidade ou comodidade?


A favela é uma desordem? Uma necessidade? Uma comodidade?

Uma entrevista com o urbanista e arquiteto Manoel Ribeiro, que foi dada ao colunista Mauro Ventura e publicada na Revista do jornal “O Globo” deste domingo me chamou a atenção. O urbanista conhece profundamente várias comunidades no Rio de Janeiro, e com sólidos conceitos me fez refletir sobre esta postagem.
No país de Oscar Niemeyer, o gênio da arquitetura mundial, as favelas aparecem como uma pedra enorme no caminho do desenvolvimento e da concepção de “urbano”, planejado. Elas são problemáticas no quesito área de risco, falta de saneamento, tráfico de drogas. Ninguém mora na favela por status, ou por que gosta. É uma necessidade. Nessa semana em que o Afro Reggae completa 15 anos de história tirando da marginalidade pessoas que nunca pensaram em ter uma vida de viagens, conhecimento, busca de culturas e soluções as mazelas sociais (o movimento musical e redentor foi criado após a chacina de Vigário Geral em 1993, e que é relatada por Zuenir Ventura, no livro “Cidade Partida”), O PENSAMENTO sobre favela ainda se faz da forma mais superficial possível. Mas, por quê?

O que Manuel Ribeiro comenta em sua breve entrevista é que “não existe interesse em acabar com a bandidagem”. Fazendo uma leitura mais profunda na questão, observamos que realmente o problema do tráfico de drogas é por exemplo uma “comodidade” para vários setores. O Dicró já comenta em um dos seus maravilhosos sambas “observatórios” que o crime gera muitos empregos, e diretos! Manoel endossa a questão dizendo sabiamente que “se termina o tráfico, os bandidos descem para o asfalto e cometem outros crimes.”, e depois cita uma frase muito importante: “E acaba a receita da corrupção”.

Sim, a corrupção do país burocrático que cria dificuldades demais para poder “vender” as “facilidades” é um fator X da questão. Reside aí o mais forte ato responsável pela corrupção no Brasil. Tudo é burocracia, as pessoas nos serviços públicos te atendem mal, te enchem de papéis. Tudo armado para poder vender as supostas facilidades. Com a favela e com o crime acontecem as mesmas coisas. Eles sofrem o mesmo processo. Não poderia ser diferente.

Quando os traficantes começaram a ter queda na receita das bocas de fumo
(segundo o entrevistado a classe média tem apelado para as drogas sintéticas, gerando uma enorme pressão e busca por outras atividades), se viram obrigados a buscar novos negócios. Aí foram explorar os depósitos de gás de cozinha, os moto – táxis . Foram também para o lado dos seqüestros relâmpago, roubos de carros, e pararam com as festas que eram promovidas enormemente a alguns anos atrás, como os bailes de comunidade(funk), que serviam para promover justamente o encontro da classe média com o mundo favelizado (inúmeras comunidades tinham bailes considerados até como glamurosos, vide o exemplo dos bailes do Chapéu Mangueira). Surgiram ultimamente as milícias, que curiosamente conseguem acabar com o tráfico de drogas. Mas como? Se a polícia legalizada e amparada pela lei não consegue? Cumplicidade.

A remoção das populações para áreas novas e urbanizadas não é aconselhada pelo especialista. Na verdade, quando uma favela é estabelecida inicialmente, ela busca colocar o morador pobre próxima a serviços que não existem em áreas periféricas (escolas, hospitais) e visam também a maior facilidade para a obtenção de emprego pelos trabalhadores. É o clássico caso da Rocinha, encravada na Zona sul do Rio de Janeiro, do lado oposto da pista do badalado bairro de São Conrado, caríssimo e dotado de infra-estrutura, além de oferecedor de empregos e serviços. Não adianta pegar um morador da Rocinha e colocá-lo em um conjunto residencial novo e organizado em São Gonçalo (calcule por exemplo o quanto esse morador irá gastar somente de passagens de ônibus e tempo de viagem!). Seria mais um aumento de estresse, de gastos, queda de produção deste trabalhador. Esse fato só vai fazer com que esse morador venda esse novo imóvel para uma família de melhor renda e retorne a Rocinha, ou crie outra favela, pois lá mais próximo estará o seu trabalho, muitas vezes informal, mas seu sustento. O maior beneficiado desse sistema de remoção acabará sendo o novo comprador e o próprio mercado imobiliário, que já vem crescendo bastante no país.

É citada também a atividade informal do favelado que para ser registrada terá um ônus que o mesmo não pode pagar, mas seus serviços são plenamente utilizados por grandes empresas do asfalto (como as ligadas à moda que utilizam as costureiras para montar as suas peças a custo mais baixo - sem precisar ir até a China!). Aí mais uma burocracia estatal que ajuda a girar essa roda de necessidades, cumplicidades e comodidades, facilitadores da venda de facilidades que enriquece alguns em detrimento de milhares ou milhões.

É difícil pensar em mudança, apesar dos projetos sociais quererem muito construir um mundo melhor e ajudar em alguns casos. O problema é macro.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Álcool só no tanque. Bicicleta real.


A nova lei que proíbe de vez a combinação álcool-volante- morte é muito sensata e oportuna. Anos atrás Renato Russo já dizia em "Perfeição" o seguinte:"... vamos comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas..." . De lá pra cá continuamos "comemorando" tristes estatísticas que como todos nós sabemos, são 95% causadas por aqueles que "beberam um pouquinho!" e que tiraram a vida dos que por muitas vezes assistiram nos noticiários todos os acidentes causados mas que nunca chegaram a acreditar que aconteceria consigo mesmo.
A partir de agora quem for pego alcolizado ao volante perde a carteira e pode ser preso. No primeiro fim de semana da lei, vários casos ainda aconteceram. A fiscalização deve ser intensificada e tomara não continuemos a comemorar como idiotas.
...
Em Londres os engarrafamentos, outra problemática da vida moderna das cidades, vêm fazendo com que a população migre paulatinamente para as bicicletas. Principalmente políticos incentivam o uso das magrelas, e fazem aparições públicas com as mesmas. É claro que em Londres outros problemas como atentados terroristas em ônibus e metrô também "empurram" a população mais receiosa ou traumatizada à mudar de meio de transporte, mas de uma forma ou de outra, o hábito é saudável e deve mesmo ser incentivado. Como comenta o jornal "O Globo" deste domingo, lá os problemas de ciclovias mal conservadas também acontecem, mas a vontade política e a força da massa podem diminuir esse problema.

Lei de imigração da União Européia

A nova lei que prevê a deportação de imigrantes ilegais na Europa é mais uma das separações que os países centrais/desenvolvidos/ricos fazem para se proteger dos países periféricos/subdesenvolvidos/pobres, numa clara posição elitista e despreocupada com a realidade de pessoas que procuram a vida não melhor, mas a própria vida.
A Europa recebe muitos migrantes principalmente do norte da África, que além de fugirem da pobreza, fogem também que guerras, grupos extremistas e perseguições políticas. São pessoas que não possuem uma expectativa de vida, e buscam no velho continente a chance de pelo menos tentarem se manter vivos.
O que vai acontecer daqui por diante ninuém pode precisar. Uma coisa é certa, milhares dessas pessoas já morrem por ano tentando atravessar o Mediterrâneo e com o endurecimento das leis, esse número tende a aumentar cada vez mais.
Uma justificativa do parlamento europeu para a aprovação da lei é que ela visa acabar com a escravidão a que alguns desses migrantes sofrem ao chegar ao continente e permanecerem na ilegalidade, por não poderem reclamar os seus direitos. Ora, ilegal que reclama não tem nenhuma moral para o mesmo! Uma atitude de falta de humanidade, já que a devolução dos mesmos não garante a eles nenhuma condição melhor, dependendo dos seus países de origem (de que adianta um iraquiano retornar a seu país em guerra?).
Países "pobres" já começam a se manifestar contra a nova lei. Hugo Chaves promete embargo a exportação de seu valioso petróleo aos europeus. Os andinos Equador, Bolívia e Peru, além do Uruguai, que pertencem ao bloco denominado Comunidade Andina (CAN) ameaçam cortar relações com os países que se auto-denominam os mais civilizados do mundo, mas que descriminam seres humanos como eles.
Mas os europeus com essa lei querem apenas defender aquela máxima: Cada um com seus problemas! E a Europa quer como os demais ricos devolver aos pobres os seus "encargos"!

Invasão ao Irã.

Parece apenas ser questão de tempo. Todos nós sabemos que o país dos Ayatolás será invadido mais cedo ou mais tarde. Porém a alta do preço do petróleo em ritmo galopante deve antecipar esse processo. Os exercícios militares em Israel na semana passada são o prenúncio de mais este capítulo lamentável na história humana.
O New York Times na sexta feira publicou uma matéria sobre o assunto e devido a sua importância correu o mundo globalizado em questão de horas. O país distante por sua vez anunciou logo no sábado que a possibilidade de interrromper o seu programa de enriquecimento de urânio é uma questão a ser descartada. Logo logo o governo de Teerã será detentor da bomba atômica que tanto atormenta o homem desde as primeiras explosões na segunda guerra mindial, se é que este governo já não a possuí! Os esforços orientais são para que a catástrofe não seja consumada, mas o interesse por mais jazidas petrolíferas não deve ser colocado de fora nessa questão complicada.
Israelenses que já não dormem tranquilos com os foguetes do Hammas têm de se preocupar mais a cada dia com a ameaça de outros xiítas que não vão lhes dar sossego.

Em tempo. As empresas ligadas ao governo americano são justamente as empresas que estão controlando a produção petrolífera no Iraque. Seria uma mera coinsidência?

sábado, 21 de junho de 2008

Entenda o islamismo.

No dia 11 de setembro de 2001, três aviões norte-americanos mudaram o rumo da história. Os atentados contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nos arredores de Washington, provocaram a morte de aproximadamente 3.700 pessoas e reforçaram o cerco de preconceitos e mal-entendidos em torno da segunda maior religião do mundo: o Islã.

Todos os países muçulmanos e seus principais líderes religiosos condenaram as ações terroristas. "Matar homens, mulheres e crianças inocentes é um ato horrível que nenhuma religião monoteísta aprova e que é rejeitado por todo espírito humano são", afirmou o xeque Muhammad Sayyd Tantawi, da Universidade de Al Azhar (fundada no século 10, no Egito), a mais prestigiosa instituição teológica sunita.

Apesar disso, o saudita Ussama bin Laden, acusado de orquestrar os ataques, e defensores da confusa e frágil teoria do "choque de civilizações" anunciaram tratar-se de um embate entre o Islã e o Ocidente, como se fosse possível reduzir conceitos complexos --e, por isso, temas de divergências-- a dois campos excludentes. As tentativas de polarizar o conflito logo renderam resultados. O discurso maniqueísta do presidente George W. Bush, que anunciou uma "luta do bem contra o mal", a aprovação em Washington de leis que permitem a detenção de estrangeiros com base em critérios puramente étnicos ou religiosos e as declarações do premiê da Itália, Silvio Berlusconi, sobre a "superioridade da civilização ocidental" serviram de pretexto para ações de xenofobia e intolerância religiosa.

Nos Estados Unidos, estrangeiros confundidos com muçulmanos foram assassinados porque tinham feições árabes ou usavam turbante --entre eles, um indiano sikh e um egípcio copta (cristão). A ignorância sobre o islamismo nesse caso foi fatal. Vinte e cinco dias após os atentados, o Conselho de Relações Americano-Islâmicas já registrava 1.500 atos de hostilidade contra muçulmanos. As vítimas islâmicas dos atentados à Costa Leste norte-americana --entre 600 e 1.400, segundo estimativas-- praticamente não foram citadas. Rahma Salie, de 28 anos, grávida de sete meses, estava no vôo da American Airlines que ia de Los Angeles a Boston no dia 11. Salie morreu no atentado, e o FBI --a polícia federal dos EUA - incluiu seu nome, que soa islâmico, numa "lista de observação" de pessoas com possíveis conexões terroristas. Mais tarde, ela foi retirada da listagem, mas não antes de que vários de seus parentes tivessem sido impedidos de tomar um avião quando tentavam viajar para Boston a fim de participar das cerimônias fúnebres.

Questionado por um jornalista norte-americano sobre como se sentia ao compartilhar da religião dos terroristas que atacaram o World Trade Center, o pugilista Muhammad Ali - nome adotado por Cassius Marcelus Clay após sua conversão - respondeu: "E você, como se sente professando a mesma fé que Hitler?"

Generalizações indevidas caracterizam, na maior parte das vezes, a visão que o Ocidente tem do islamismo; e vice-versa. Supostos especialistas, que nunca estiveram nas sociedades que analisam nem jamais abriram o Alcorão, contribuem para uma interpretação quase sempre enviesada dos vários mundos muçulmanos. Quem foi a dois ou três países dessa órbita compreende que eles são bastante diversos.

O Islã não é um bloco monolítico, nem muito menos estanque. Religião predominante no Oriente Médio e em vastas porções da África e da Ásia, reúne hoje cerca de 1,3 bilhão de pessoas, de diferentes origens étnicas, culturais e sociais. São árabes, iranianos, afegãos, paquistaneses, turcos, chineses, indonésios (89% dos 204 milhões de habitantes do maior país muçulmano), africanos, europeus e americanos. Participam da Organização da Conferência Islâmica, que pretende "assegurar o progresso e o bem-estar de todos os muçulmanos do mundo", 56 Estados . A presença dos muçulmanos se faz notar cada vez mais na Europa, onde são por volta de 15 milhões, sobretudo na França (5 milhões). Nos Estados Unidos, com seus 7 milhões de muçulmanos, o Pentágono permite aos soldados jejuar no mês sagrado do Ramadã, libera os praticantes para rezar as cinco orações diárias e põe à disposição alimentos em concordância com os preceitos islâmicos.

No Brasil, muçulmanos organizaram o principal levante urbano contra a escravidão na América --a Revolta dos Malês, em 1835. Atualmente, o país possui cerca de 1,5 milhão de adeptos, muitos sem ascendência árabe.

A palavra "islamismo", ou "Islã", vem de Islam, que significa "submissão [a Deus]". A raiz (slm, em árabe) é a mesma que originou "muçulmano" (de muslim, "aquele que se submete a Deus") e salâm ("paz"). A doutrina islâmica se baseia no livro sagrado Alcorão e nos atos, ditos e ensinamentos de Muhammad 2, considerado o último mensageiro enviado por Deus. Os muçulmanos acreditam nos profetas anteriores a ele, inclusive Jesus Cristo. O islamismo não nega o judaísmo nem o cristianismo, mas se considera a religião que completa as mensagens anteriores e sela o período das profecias numa síntese final.

Os muçulmanos crêem num único Deus (Allah, termo usado também por árabes cristãos), onipotente, que criou a natureza por meio de um ato de misericórdia. Consciente da debilidade moral da humanidade, Deus enviou profetas à Terra. Adão foi o primeiro e recebeu o perdão divino --o islamismo não aceita a doutrina do pecado original.

A visão que países como França, Reino Unido e, mais recentemente, Estados Unidos apresentam do Oriente Médio --berço do Islã - muitas vezes visa referendar práticas político-econômicas de cunho colonialista. Conceitos difundidos por orientalistas, como "mentalidade árabe" e "caráter tipicamente islâmico", por exemplo, são fruto de ignorância, ingenuidade ou má-fé deliberada, além de um complexo de superioridade que está no cerne de historiografias infelizes. Essa mistificação também serve de base, com freqüência, para intervenções militares que poderiam ser evitadas com uma análise mais profunda.

A absoluta maioria das escolas da Europa e da América - Brasil incluso - não dedica nem sequer uma aula ao Islã. Quando o presidente George W. Bush deu um rosto árabe e islâmico ao terrorismo, ao incluir exclusivamente muçulmanos em sua lista de "procurados", e anunciou uma nova "cruzada", reproduziu o que Hollywood mostrava bem antes do trágico 11 de setembro. Em filmes norte-americanos como Nova York Sitiada (The Siege, em que a comunidade árabe da cidade é aprisionada em campos de concentração para evitar atentados) e centenas de outros, os muçulmanos são retratados como seres irracionais que precisam ser domesticados e podem ser facilmente exterminados.

É fato que alguns países de maioria islâmica possuem grupos extremistas, em geral com uma motivação de fundo político, especialmente a ocupação israelense de territórios palestinos, que "inspira" movimentos no mundo inteiro. Basta, porém, espelhar-se no multiculturalismo que floresceu na península Ibérica durante os quase nove séculos de influência árabe e muçulmana (a partir de 711), entre outros exemplos, para compreender que tolerância e islamismo são compatíveis.

O fundamentalismo, conceito surgido entre protestantes norte-americanos (em algumas cidades do sul dos EUA, o ensino do darwinismo ainda é proibido), e o extremismo não são exclusividade de muçulmanos. Envolvem também cristãos, judeus, hindus e budistas.

A Europa e os Estados Unidos podem optar por uma permanente paz armada, sob a égide da "justiça infinita" preconizada por Bush e da inevitável ressuscitação da Guerra Fria, ou por uma revisão completa das relações com os muçulmanos que priorize o co-desenvolvimento econômico, o respeito aos direitos humanos e a liberdade de expressão. Não se pode permitir que a globalização, a geopolítica ou o petróleo passem por cima desses pré-requisitos. Oxalá prevaleça o dito atribuído a Muhammad: "a tinta do sábio vale mais que o sangue do mártir".

Trecho extraído de : http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u338745.shtml

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Energia esgotável.



O esgotamento das reservas é muito mais rápido que se supunha. Mas o consumo não para de crescer e podem surgir, entre os grandes importadores, disputas pelas fontes que restam

Nicolas Sarkis

Durante os três últimos anos, aumentaram consideravelmente as preocupações com o esgotamento das reservas petrolíferas. Agora, elas não se restringem às importações do Oriente Médio, região de turbulências crônicas. Abrangem o conjunto mundial de produção, refino e transporte de petróleo e gás natural. O sinal de alarme é acionado cada vez mais freqüentemente, tanto pelos dirigentes políticos quanto por especialistas independentes. Em seu último relatório bienal “Perspectivas Energéticas Mundiais”, publicado em 7 de setembro de 2005 e relativo ao período de 2004 a 2030, a Agência Internacional de Energia (AIE) expressa um sentimento quase generalizado, ao afirmar que “ os riscos para a segurança energética aumentarão muito, em curto espaço de tempo”, e que “a vulnerabilidade a perturbações no nível de reservas se acentuará com o aumento do comércio global [1]”. Durante seu discurso de ano novo, no dia 5 de abril de 2006, o presidente francês Jacques Chirac, por sua vez, expressou a “necessidade de preparar-se para a era pós-petróleo” como a grande questão do século.

Considerado o principal substituto para o petróleo, o gás natural ainda suscita preocupações, sobretudo depois de o maior exportador mundial, a Rússia, suspender as entregas para a Ucrânia e a Geórgia e as reduzir para a Hungria, Áustria e Itália, por insuficiência de estoque. Essas perturbações foram consideradas sérias o bastante para que o problema da segurança energética dominasse a pauta do encontro do G-8 em fevereiro de 2006, em San Petersburgo.

No discurso sobre o estado da União de 31 de janeiro, o presidente norte-americano George W. Bush preconizou, baseado no habitual apelo à segurança, a necessidade de os Estados Unidos reduzirem sua dependência face às importações de hidrocarbonetos e de “ir além do petróleo”. A mesma opinião pode ser ouvida na Europa, onde uma reunião de especialistas em energia, realizada no dia 15 de fevereiro, em Berlim, destacou “o interesse estratégico” na diminuição da dependência européia de importações do Oriente Médio e da Rússia, e no reforço das medidas de segurança que se tornaram “cruciais”, segundo Luc Werring, alto funcionário da União Européia.

Mais guerreiros e mais dependentes

Por que todo esse desconforto, quando a águia estadunidense estende suas asas de um extremo ao outro do Oriente Médio, da Ásia Central e da África, e os países exportadores não hesitam em abrir as comportas para enfrentar a rápida aceleração da demanda e evitar uma escassez de oferta?

Esse sentimento súbito e generalizado de insegurança é o oposto do que muitos previam ou esperavam, antes da guerra contra o Iraque e da tomada, por Washington, do país que possui as maiores reservas mundiais de petróleo, depois da Arábia Saudita, Ele também contraria as certezas que prevaleciam logo após a guerra do golfo (1990-1991) e da libertação do Kwait pelos Estados Unidos e seus aliados.

Nessa época, ficou famosa uma frase James Schlesinger, ex-secretário da Defesa e diretor da CIA (governo Nixon) e ex-secretário de Energia (governo Carter). Ele afirmou, diante do 15º congresso do Conselho Mundial de Energia, (setembro de 1992, Madrid), que, na opinião de altos funcionários do governo de Bush pai, “o povo americano aprendeu com a guerra do golfo que é muito mais fácil e divertido dar um pé na bunda do pessoal do Oriente Médio que fazer sacrifícios para limitar a dependência em relação ao petróleo importado”.

Schlesinger explicitou seu raciocínio destacando que, depois da queda da União Soviética e da ameaça soviética às reservas do Oriente Médio, os temores em relação à segurança das reservas de petróleo enfraqueceram consideravelmente nos Estados Unidos. Acotação relativamente baixa do preço do produto, que contribui para um aumento do nível de importações e para a queda da produção nacional, não era mais razão de inquietações.

A última constatação é que o cenário mudou profundamente ao longo dos três últimos anos. Ao invés de viabilizar um forte aumento da produção iraquiana e uma conseqüente baixa nos preços, a invasão do Iraque, em março de 2003, foi seguida por uma série de sabotagens, tomou a dimensão de uma guerra civil e acabou provocando uma baixa na produção de petróleo — de 2,5 milhões para 1,5 milhões de barris [2] por dia, em um dos principais países exportadores.

Aliados a outros fatores, esse fenômeno levou a uma explosão das cotações. Na média calculuada pela Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), elas passaram de 24,36 dólares o barril, em 2002, US$ 50,58, em 2005.

Um mundo viciado em óleo

Ao contrário das crises de petróleo de 1973-1974 e de 1979-1980, esta alta completamente inesperada e o desconforto com relação à segurança de suprimento não são conseqüências de um embargo, de uma baixa nas exportações ou da utilização do “ouro negro” como arma por determinado país produtor. Ela encontra suas origens numa série de fatores – especialmente nos atentados e na instabilidade política no Oriente Médio, nas tensões em torno do programa nuclear iraniano, nos conflitos étnicos na Nigéria [3]], etc. Há razões ainda mais preocupantes e duradouras, já que envolvem o equilíbrio entre oferta e procura.

Vivemos uma aceleração inesperada do ritmo de aumento das demandas de consumo. Após um crescimento médio de 1,54% ao ano, durante o período 1992-2002, a demanda mundial aumentou 1,93% em 2003 e 3,7% em 2004. Atingiu um recorde de 82,1 milhões de barris por dia em 2005. Em apenas três anos, a demanda por petróleo aumentou em 5,5 milhões de barris por dia. O crescimento foi assombroso especialmente na China, com um salto de 7,6% em 2003 e 15,8% em 2004.

Este aumento da demanda levou os países produtores a extrair até o limite de sua capacidade. Eles não têm como obter mais petróleo. A esse fator adiciona-se a saturação da capacidade de transporte e refino, sobretudo nos Estados Unidos, que aumentou naturalmente a espiral ascendente dos preços.

As estimativas disponíveis, sobretudo as da Agência Internacional de Energia (AIE) e do Departamento norte-americano de Energia (DoE) prevêem um aumento de cerca de 50% no nível mundial de consumo, durante os próximos 25 anos. Isso provocaria um salto de 83,2 milhões de barris/dia, em 2005, para 115,4 milhões, em 2030, segundo a AIE (ou 131 milhões, de acordo com o DoE). Como bem diz um anuncio publicitário recente do grupo norte-americano Chevron Texaco: foram necessários 125 anos para que o mundo consumisse o primeiro trilhão de barris de petróleo, mas serão necessários apenas 30 anos para que se consuma o segundo — o que corresponde ao total das reservas comprovadas.

Como e a que custo poderíamos responder a essa rápida escalada da demanda? A resposta a essa questão depende de duas variáveis: de um lado, a confiabilidade dos números existentes sobre a estimativa das reservas; de outro, o possível aumento da capacidade de produção.

E se as reservas forem ainda menores?

Apesar de não serem novas, as suspeitas a respeito do real volume de reservas foram recentemente reforçadas por revisões para baixo anunciadas por algumas empresas petroleiras, e por novas estimativas feitas por geólogos independentes. No que se refere aos membros da OPEP, as dúvidas a respeito das estimativas oficiais remontam aos anos 80, quando os países do Golfo Pérsico realizaram, um após outro, reavaliações espetaculares de suas reservas, sem que isso jamais fosse respaldado por novas descobertas, altas de preço ou novos estudos.

Entre 1985 e 1986, os Emirados Árabes Unidos aumentaram a estimativa oficial de suas reservas de 33,9 para 97,2 bilhões de barris. A Arábia Saudita aumentou a sua estimativa de reservas em 50%, levando-a de 169,6 bilhões (1987) para 254,9 bilhões de barris (1988). O Iraque dobrou seus cálcuos, que passaram de 32 bilhões de barris (1981) para 65 bilhões (a partir de 1983), chegando depois a 115 bilhões (2001). Esse inchamento das estimativas ocorreu em uma época em que os países-membros da OPEP fixavam suas quotas nacionais de produção essencialmente em função das reservas comprovadas de cada país. Entre 1983 e 1988, o total das reservas estimadas pela OPEP aumentou em 62%, saltando de 470 para 764,4 bilhões de barris. Novas reavaliações, nos mesmos países, elevaram em seguida estas reservas para 896,6 bilhões de barris em primeiro de janeiro de 2005.

Algumas dessas revisões certamente foram conseqüência de novas descobertas, ou de progressos tecnológicos que influenciaram a capacidade de extração. Outras são objeto de desconfiança, mesmo porque a quase totalidade dessas reservas é controlada por empresas estatais, que recusam qualquer controle ou análise externa. As estimativas oficiais das reservas da OPEP ditas “comprovadas” são superiores em cerca de 400 bilhões de barris às feitas por entidades independentes, entre elas a Association for the Study of Peak Oil (ASPO). Os volumes chamados por alguns especialistas de “barris fictícios”, correspondem a 44% do total das estimativas oficiais da OPEP. Isso evidentemente não significa que os números apresentados pelos orgãos independentes sejam mais próximos da realidade que os anunciados pelos países em questão. De todo modo, a enorme diferença entre os estimativas permite ter idéia da complexidade dos critérios técnicos e econômicos utilizados, e das dúvidas que cercam os dados disponíveis.

As transnacionais também superestimam

Tais dúvidas são reforçadas pelo fato de os números publicados por certos membros da OPEP permanecerem inalterados durante períodos muito longos, como se cada barril extraído fosse miraculosamente substituído naquele instante por uma nova descoberta ou reavaliação. O Iraque, por exemplo manteve sua estimativa em 100 bilhões de barris ao longo de todo o período de 1987 a 1995, quando a elevou para 115 bilhões. Não menos surpreendente é o exemplo do Kwait, que manteve intacta, entre 1991 e 2002, a estimativa de 96,5 bilhões de barris em suas reservas comprovadas — apesar de uma extração acumulada de 8,4 bilhões de barris, no período. Baseando-se em dados que teriam sido fornecidos por altos funcionários do governo do Kwait, o semanário americano Petroleum Intelligence Weekly sustenta que as estimativas oficiais são uma mescla de reservas comprovadas, prováveis e possíveis. As reservas realmente comprovadas não passariam de 48 bilhões de barris...

O volume das reservas comprovadas da Federação Russa permanece incerto, devido tanto à falta de transparência das estatísticas do país quanto ao método de avaliação utilizado. De acordo com fontes ocidentais, o volume real das reservas seria de 30 a 40% inferior às estimativas oficiais, de 72,3 bilhões de barris.

Mesmo no que diz respeito às empresas multinacionais, com ações negociadas na bolsa e submetidas a controles contábeis e empresas de auditoria, há fortes dúvidas – sobretudo depois do caso Shell. Depois de uma forte queda na produção de suas jazidas de Yebal, em Omã, e outras perdas em todo o mundo, a companhia teve que reconhecer, em janeiro de 2004, que suas reservas haviam sido superestimadas em algo próximo de um terço. Poucos meses mais tarde, a empresa americana El Paso anunciou também uma reavaliação para baixo em cerca de 11%. Mais recentemente (janeiro de 2006) o grupo espanhol Repsol-YPF teve também que diminuir em 1,25 bilhões de barris suas supostas reservas — isto é, 25% do total do que fora estimado antes. Assim como ocorrera com a Shell, o grupo foi alvo de uma avalanche de ações judiciais por parte de seus acionistas.

Extração supera as novas descobertas

Uma outra causa de preocupação é o fato de que o volume de petróleo extraído do subsolo é, há 20 anos, superior ao volume descoberto. Algumas multinacionais, com dificuldades em manter o nível de produção, compram, quando podem, ativos de outras empresas. O episódio mais recente foi o da ChevronTexaco, que pagou alto preço para adquirir, em 2005, a empresa norte-americana Unocal, cobiçada pela estatal chinesa CNOOC. Sem esta aquisição, a taxa de renovação de reservas da ChevronTexaco não ultrapassaria os 40-45% em 2005.

Junto com a desaceleração das descobertas e com a baixa, lenta mais inexorável, da proporção reservas/extração, um outro risco pesa sobre o mercado do petróleo. Trata-se do declínio na produção, num bom número de países, e da insuficiência de investimentos voltados para desenvolver as novas tecnologias necessárias para o suprimento da demanda.

Por causa da baixa na produção e do aumento de suas necessidades nacionais, certos países, antes grandes exportadores de petróleo, tornaram-se importadores (Indonésia, Egito e Tunísia; sem esquecer, é claro, os Estados Unidos), ou estão em vias de se tornar (Gabão, Omã e Síria). No México, um estudo realizado em 2005 pela companhia nacional Pemex, alerta para o risco de um declínio na extração muito mais rápido que o previsto – principalmente no campo de Cantarell, que, com 2 bilhões de barris, representa cerca de 60% do total da produção no país. No Mar do Norte, a AIE prevê o declínio das reservas, de 6,6 bilhões de barris (2002) para 4,8 bilhões (2010) e apenas 2,2 bilhões (2030).

Este declínio poderia ser compensado a tempo por países exportadores? Não há nada mais incerto. No que diz respeito ao Oriente Médio, cuja produção deveria supostamente dobrar até 2025, para saciar a crescente demanda global, as projeções da AIE e do departamento americano de Energia parecem ser totalmente irrealistas. Somente a Arábia Saudita pôs em marcha um programa que visa o aumento de sua capacidade — dos atuais 10,8 bilhões de barris dia para 12,5 bilhões de barris dia em 2009. Nos demais países, a situação é bem menos promissora, sobretudo no Irã, Iraque e Kwait. A situação política no Iraque e as tensões envolvendo o programa nuclear iraniano comprometem a capacidade produtiva desses países. O famoso “projeto Kuwait”, que deveria dobrar a produção do país, avança lentamente há dez anos, enquanto as antigas jazidas de Burgan e de Raudhatain, que totalizam 67% da produção do país, começam a dar sinais de esgotamento.

Nesse contexto, marcado por uma demanda cada vez maior e recursos cada vez mais raros, os principais perigos que rondam a segurança do abastecimento são o desequilíbrio entre a oferta e a procura e a concorrência e risco de conflitos, entre os principais países consumidores. Essa rivalidade explica a corrida em que se lançaram os Estados Unidos, os países europeus, a China, o Japão e a Índia, para pôr os pés nos países detentores de reservas e controlar as rotas marítimas e terrestres entre os centros de produção e as grandes zonas de consumo. A guerra do Iraque, que permitiu a Washington livrar-se da presença francesa, russa e italiana naquele país; o novo oleoduto Bakou-Tbilissi-Ceyhan (BTC); e o recente acordo entre Alemanha e Rússia sobre o gasoduto norte-europeu (GNE), que será construído sob o Báltico, são exemplos de grandes manobras tendo em vista a segurança de abastecimento energético dos países envolvidos.

Depois da crise de 1973/1974, os perigos mudaram de natureza. A palavra embargo foi banida do vocabulário dos países exportadores. Por maior que seja a ironia, são os países industrializados que utilizam o petróleo como arma, contra os países exportadores. Isso se deu, por exemplo, por meio das sanções da ONU contra o Iraque (no período 1990-2003) ou de sanções norte-americanas contra Irá, Líbia — por meio do ato de sanção contra a Líbia e o Irã (ILSA) [4] — e Sudão. Ao contrário do que supõe um preconceito tão absurdo quanto perigoso, há uma verdadeira complementaridade entre os países importadores e exportadores. À legitima preocupação dos primeiros, para garantir suas importações de petróleo e gás, corresponde a não menos legítima e não menos vital preocupação dos segundos, interessados em garantir seus mercados e receitas de exportação, indispensáveis para o desenvolvimento de suas economias. Quanto às divergências sobre os preços, elas mesmas têm se atenuado. A nova tendência de alta favorece uma necessidade imperativa. Ela permite conseguir aprovação para investimentos colossais no desenvolvimento da capacidade de produção e de outras fontes de energia mais caras.

Com o petróleo destinado a se tornar cada dia mais caro e mais raro, o problema da segurança de abastecimento requer um comportamento político bem diferente daquele de trinta anos atrás. Os antagonismos e os riscos de conflitos situam-se hoje bem menos entre os países produtores e os importadores. Concentram-se entre os próprios países importadores, cujo aumento de demanda e o declínio na produção doméstica levam inevitavelmente a depender ainda mais de importações, sobretudo provenientes de países do Oriente Médio. Algumas velhas receitas para a manutenção da segurança, entre elas a diversificação das fontes de abastecimento ou o exercício da pressão sobre os países produtores a fim de se beneficiar de petróleo abundante e barato, tornaram-se ineficazes. Os novos desafios somente podem ser enfrentados mediante relações baseadas no equilíbrio de interesses entre os países soberanos.

(Tradução: Leonardo Abreu) leonardoaabreu@yahoo.com.br

Retirado de http://diplo.uol.com.br/2006-05,a1307

Economia no oriente médio.

Um pequeno quadro da região.
Grandes diferenças existem no Oriente médio. Os países produtores de petróleo levam enorme vantagem sobre os não produtores. Árabia, Kuweit, Catar, Barein e Emirados Árabes, grandes produtores, possuem uma alta renda per capita, visto que possuem uma pequena população, porém a renda é concentradíssima. Irã e Iraque, também grandes produtores, não possuem renda per capita tão elevada devido ao grande contingente populacional.
Israel e Turquia não possuem produção petrolífera. Porém, possuem economia mais diversificada, sendo Israel detentor de uma indústria de alta tecnologia. Também em Israel a agricultura é muito avançada e produtiva, mesmo sendo praticada em região semi-árida.
Afeganistão e Iemen não possuem petróleo e são os países mais pobres da região, sendo inclusive listados entre os mais pobres do mundo.

Faixa de Gaza.

Um acordo entre os radicais islâmicos do Hammas e o governo de Israel promete um cessar fogo na região a partir de hoje. A região de Gaza que é ocupada pelo grupo vive um embargo econômico que causa miséria em sua população e o fim do mesmo pode trazer um certo alívio a pessoas que vivem "enjauladas" em seu próprio território.
É claro que esse cessar fogo pode ser rompido a qualquer momento, já que a instabilidade política é enorme na região da palestina. A terra ocupada por Judeus desde 1948 é tema dos mais violêntos conflitos desde então e qualquer pequena atividade pode ser motivo de guerra. A possível trégua não deixará dormir sossegados os israelenses que volta e meia são atingidos por foguetes disparados de Gaza, e os moradores desta pobre região sem esperânça assim continuarão por um bom tempo.
E a criação do Estado palestino de fato até agora nada!

terça-feira, 17 de junho de 2008

Providência


O morro da Providência tem um valor simbólico enorme para o exército brasileiro que sempre foi muito respeitado. Até agora.

"... o morro da favela por trás da central..." como cantava Bezerra da Silva para o exército brasileiro tenho certeza é de um valor simbólico sem igual. Para lá foram os soldados que voltaram da guerra de Canudos e que não tinham onde morar. Receberam um pedaço de terra num morro onde a planta tropical de nome "Favela" era rainha soberana e por isso "morro da favela", mais tarde Morro da Providência. Por ironia do destino, a primeira "favela" do Brasil e que deu nome a tantas outras posteriormente por sua estrutura urbanística sem igual foi palco de um espetáculo triste e opressor. E pelo próprio exército.
Talvez aqueles jovens rapazes que "bateram de frente" com os soldados que hoje ocupam o morro, mostrando que o poder do Estado através de seus políticos insanos e corruptos que durante décadas fecharam os olhos para aquela situação, tenham sido bisnetos, tataranetos, daqueles homens que receberam deste mesmo governo em épocas pretéritas aquele pedaço de solo e que por anos e anos foi negligênciado. Triste ironia do destino, os combatentes que lá se encontram hoje entregarem os jovens que precisavam de um "corretivo" ao poder paralelo estabelecido em outra "favela", "inimiga" daquela em que os jovens e seus antepassados habitaram. Talvez tenha faltado escola a esses rapazes, mas o destino deles foi selado como na guerra em que seus ancestrais viveram e que eles vivem até hoje.
Exército não é polícia. Exército em favela é assumir que o Estado está ausente. Aqueles homens não são treinados para serem polícia. Programas políticos não podem usar a imagem do exército e deois culpá-los de despreparo. Isso é o mínimo de descência que políticos precisam ter.

São João!

Começou a temporada de São João! O carnaval de cores mais bacana do nordeste do Brasil, rico em música, em alegria, comida, bebida, dança e simpatia. Viajando pelo interior é possível visualizar a movimentação em torno da festa que por aqui no Rio hoje toca de tudo e principalmente funk, menos o forró!
As belas festas juninas que ví no meus tempos de criança parece que só ocorrem agora no nordeste mesmo. Aqui as quadrilhas são poucas (porém belas) e o comércio tomou conta, como tomou conta também do carnaval (quem foi ao Bola Preta por exemplo dificilmente deixou de trombar ou ser encurralado pelas caixas de isopor dos ambulantes nas ruas do circuito do bloco).
Mas ver a alegria do povo dançando e comentando orgulhosos sobre "quem tem o maior São João do mundo?" ainda me alegra. Ver a festa do pessoal que pinta o bigode, põe a roupa remendada, canta e dança ao som de Luís Gonzaga ou de Dominguinhos é um privilégio que todos deveriam assistir e se esbaldar!
E viva São João!!!!!!!!!!

Carro a hidrogênio.


A Honda do Japão apresentou o seu primeiro carro movido a hidrogênio esta semana. Serão produzidas 200 unidades em 3 anos e atenderão aos mercados americano e japonês. A montadora diz que por enquanto o carro é de custo elevado no quesito produção, mas que pretende reduzir rapidamente este valor. O grande problema será abastecer o veículo que também é movido por eletricidade. O motivo? Pouca quantidade de postos disponibilizando o produto.
É claro que as empresas do ramo do petróleo não incentivarão em nada a produção deste que pode ser uma marvlilhosa alternativa aos problemas ambientais atuais. O resultado da reação química do FCX Clarity (nome dado ao carro) é H²O, água.

Valor da Patrobrás e da Vale.

A empresa brasileiro de petróleo está entre as mais valiosas da América, a de mineração não fez por menos. Veja:
1-Exxon petróleo e gás
2-GE- eletrodomésticos
3-Petrobrás- Petróleo e gás
4-Microsoft- Softwares
5- AT&T- Telecomunicações
6- Wal Mart- Comércio Varejista
7- Chevron texaco- Petróleo e gás
8- P&G- Química
9- Vale do Rio Doce- Mineração
10-Berkshire Hathaway- Finanças e seguros
Fonte: Economatica

Vale lembrar que esses valores estão atrelados ao valor em bolsa das ações destas companhias e que o atual momento de valorização das commodities é favorável a ambas.

Mercado imobiliário.


A construção civíl vem tendo um bom desempenho nos últimos anos. O número de empregos na área cresceu bastante e a falta de profissionais qualificados também é uma realidade. Até as mulheres estão se matriculando em cursos de capacitação para atender a demanda em um mercado de trabalho estritamente masculino até alguns anos atrás. Os financiamentos estão empurrando pra cima a quantidade de empreendimentos imobiliários novos para atender a classe média e até mesmo as classes mais baixas, que em muitos dos casos vêm deixando o aluguel e assumindo parcelas de financiamento do imóvel próprio. Até alguns anos atrás isso era impossível.
"Com os juros menores e maior prazo de financiamento, consumidores de baixa renda passaram a ser o novo filão das imobiliárias. Edifícios con piscina, academia e até quadras de esporte são atrativos." , afirma o site G1. com.br , relatando ainda que o total de imóveis negociados em maio deste ano (em unidades) foi o maior nos últimos 20 anos.
É tempo de investir na casa própria, mas devemos nos lembrar que não devemos usar mais de 30% de nossa renda mensal com esse fim. Um dos macetes utilizados pelas construtoras para ter a garantia do recebimento total das parcelas em alguns casos é o próprio imóvel. Deveu, perdeu!

183 milhões de brasileiros. 130 milhões de telefones celulares.


Telefones celulares mais modernos tiram fotos, tocam música, fazem contas, são aparelhos de tv e ainda servem para nos comunicarmos!
Grandes fabricantes de celulares comemoram. A venda de telefones cresceram cerca de 25 milhões de unidades desde maio do ano passado. Chegamos em maio deste ano a marca de 130 mlhões de aparelhos em todo o país (sendo o dia das mães um grande responsável por estes resultados). Um número fantástico e também preocupante. Onde estão indo os telefones que descartamos? Estariam eles sendo corretamente manuseados?
Temos que admitir que o celular revolucionou a humanidade, encurtou distâncias comunicativas, evita disperdícios; e depois da redução dos seus preços atingiu as camadas mais pobres da sociedade. Mas também é verdade que com suas campanhas fabulosas na mídia, a moda de sempre querer o aparelho mais moderno vai atendendo bem a demanda capitalista por cada vez mais lucros. A Samsung comemora como nunca a sua presença no mercado brasileiro. A LG cria políticas mais agressivas para a América latina, onde o Brasil é responsável por metade de suas vendas. É o paraíso dos fabricantes da telefonia celular.
Precisamos ficar atentos ao descarte dos antigos aparelhos. Procurar a revendedora e deixar por lá o seu "lixo tecnológico" pode ser uma boa e correta solução ambiental. Vale lembrar que na bateria dos aparelhos existem elementos prejudiciais ao meio ambiente e a nossa saúde.

domingo, 15 de junho de 2008

Projeções para os BRIC´s.

As exportações de bens de consumo e commodities vão bem, obrigado. Mas a infra-estrutura ajudaria ainda mais o Brasil a atingir seus objetivos.


Brasil, Rússia, Índia e China têm diferentes problemas e soluções a serem considaradas para que possam de fato chegarem a condição de potência mundial. Estudos revelam que todos eles têm potencial de fato para o fazerem, mas mazelas internas ainda são obstáculos.

A China é um país ímpar no globo terrestre. Não existe nada no mundo que possa ser comparado. Um país que abriu sua economia ao mercado mundial, mas que em seu interior não tem sequer liberdade de expressão intelectual. Através das suas Zonas economicas especiais (ZEE´s) atraiu investidores de todo o planeta, desenvolveu suas indústrias, aumenta o seu PIB em cerca de 10% ao ano à três décadas e com isso poluí desordenadamente suas fontes de recursos, usa-as à exaustão, destroí o ar e comete atrocidades com a sua população, que tirando os ricos, tem muita dificuldade para se alimentar. Apesar de ter uma parcela da população bem educada ( já que a política do filho único adotada nos anos 80 fez com que as famílias pudessem dedicar mais recursos aos estudos dos seus filhos), ainda é majoritariamente rural, e nos setores políticos, conta com uma praga que atinge também os outros bric´s, que por aqui chamamos de corrupção.

Na Índia, apesar da liberdade de expressão garantida e de termos um evoluído sistema de comunicação, informática e tecnologia, a enorme parcela miserável é um desafio. São cerca de 600 milhões de pessoas que vivem em áreas rurais, e que têm ou terão muita dificuldade de se juntarem ao crescimento previsto para os outros setores sociais.

Com o fim da URSS nos anos 90 do século passado, a Rússia assumiu como maior país, os encargos deixados pela antiga federação. Foram anos difíceis após o final do socialismo e o Estado "quebrou" em 1998, dando um verdadeiro "calote" nos credores, o que curiosamente fez com que a recuperação começasse. Foram descobertas enormes jazidas petrolíferas no mar do norte, que hoje bancam a riqueza russa. Surgiram muitos magnatas e a corrupção não deixou de marcar presença nas esferas políticas em geral. O capitalismo se instalou de vez. Grande parte da população ainda não pode e nem vai poder frequentar as badaladas lojas que hoje se situam na Praça Vermelha, nos mercados socialistas que deram lugar a lojas como Adidas, Louis Vuitton, Gucci ou Mc Donalds. A pequena população também é preocupante, tanto que o governo já instituiu políticas à favor do aumento da natalidade.

E o Brasil? Bem, o Brasil tem fatores muito interessantes à seu favor. Possuí um clima maravilhoso, pessoas bem humoradas, instituições financeiras fortes, não tem problemas em conversar e resolver problemas políticos com seus vizinhos. É um grande produtor e exportador de commodities. Possuí uma enorme riqueza chamada água, que será problema crucial no futuro que se aproxima em várias regiões da terra. Queimadas e violência nos envergonham. Temos a biodiversidade que tanto nos enche os olhos, mas, carregamos problemas sérios como a elevada taxação de impostos, falta de infra-estrutura para escoamento da produção, educação deficiente, parcela populacional ainda com fome, apesar das políticas governamentais presentes e da abundância de recursos, distribuição enormemente desigual de renda e alguns mais que por hora não comentarei aqui nesse tópico. Mas são problemas que podemos e devemos resolver.

Creio que num futuro próximo alguns destes problemas estarão sanados. Mas a resolução total é uma conversa mais distante.

BRIC´s

BRIC é um acrônimo criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O´Neill, do grupo Goldman Sachs, criou o termo para designar os 4 (quatro) principais países emergentes do mundo, a saber: Brasil, Russia, India e China no relatório "Building Better Global Economic Brics". Usando as últimas projeções demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as economias dos países BRICs até 2050. Especula-se que esses países poderão se tornar a maior força na economia mundial.

Se os resultados correrem como esperado em menos de 40 anos as economias BRICs juntas poderão ser maiores que as dos G6 (Estados Unidos da América, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália) em termos de dólar americano (US$).

O estudo ressalta que cada um dos quatro enfrenta desafios diferentes para manter o crescimento na faixa desejável. Por isso, existe uma boa chance de as previsões não se concretizarem, por políticas ruins, simplesmente má sorte, ou por erro nas projeções.

Mas se os BRICs chegarem pelo menos próximos das previsões, as implicações na economia mundial serão grandes. A importância relativa dos BRICs como usina de novas demandas de crescimento e poder de gasto pode mudar mais sensível e rapidamente do que se imagina a economia mundial.

De acordo com o estudo, o grupo possuirá mais de 40% da população mundial e juntos terão um PIB de mais de 85 trilhões de dólares (US$). Esses quatro países não formam um bloco político (como a União Europeia), nem uma aliança de comércio formal (como o Mercosul e ALCA) e muito menos uma aliança militar (como a OTAN), mas formam uma aliança através de vários tratados de comércio e cooperação assinados em 2002 para alavancar seus crescimentos.

Retirado de Wikipedia.com

Monções na Índia.

Monções são chuvas características do sul- sudoeste asiático que acontecem entre os meses de Julho e Agosto, mas que estão se antecipando devido as mudanças climáticas. Veja a publicação.

Monção mais fora de época em 108 anos chega à Índia

da Efe, em Nova Déli

A monção que chega com mais antecipação à Índia nos últimos 108 anos atingiu hoje a capital, umas duas semanas antes do previsto, informou o Serviço Meteorológico da Índia.

"A monção chegou a Nova Déli", confirmou à agência PTI o diretor do departamento meteorológico, B.P. Yadav.

Nova Déli amanheceu hoje com a característica chuva espessa e contínua desse tipo de vento, acompanhada de raios e uma grande umidade.

A monção, que costuma chegar a Nova Déli no final de junho, avançou neste ano com muito mais velocidade desde o terço meridional do país em direção ao norte.

É no sul e no centro do país onde a monção é muito mais severa, como na cidade ocidental de Mumbai, onde durante a estação de monções são registradas chuvas que inundam as ruas, contribuem para o caos na circulação e inclusive colapsam o aeroporto.

Em Nova Déli, as fortes chuvas costumam se prolongar por dois meses (julho e agosto), enquanto em setembro a monção vai diminuindo até chegar outubro, com temperaturas moderadas e fim da umidade.

O mês de junho foi também incomum em Nova Déli, porque, enquanto no ano passado foram registradas temperaturas acima dos 45 graus centígrados, em 2008 o calor foi muito mais moderado, sendo inclusive acompanhado de chuvas intermitentes, algo insólito no seco verão da cidade.

A temperatura mínima registrada hoje foi de 27,5 graus, segundo o Serviço Meteorológico.

Após as espessas chuvas, é comum ver pelas ruas da capital indiana as crianças se jogando na água, e inclusive aproveitando os grandes charcos que se formam nos buracos das estradas para nadar neles.

Embora a monção costume causar a morte de dezenas de pessoas a cada ano, especialmente nas áreas rurais, também é motivo de alegria, já que dela dependem em boa parte as colheitas do ano.

Estraído de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u412530.shtml

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Trânsito no Rio.


Sinal verde para algumas modificações na cidade maravilhosa.

Pouco vou ao Rio. Mas sempre que vou tenho no trânsito referências horríveis. Motoristas mal educados, sinais demais. Loucura!
Pela última vez percebí uma melhora. Motoristas mais sorridentes! Fluidez!
Realmente a proibição de caminhões fazendo entregas em horário comercial fez uma diferença e tanto para que precisa trafegar, pelo menos no Centro e na Zona Sul. Claro que para os motoristas de camihões e para as empresas deve estar sendo um transtorno, já que durante o dia nada pode ser feito.
O próximo passo será acabar com as vans irregulares e seus problemas diversos.
Talvez consigamos melhorar mais fazendo com que os motoristas usem o transporte coletivo ou as suas bicicletas, desde que os coletivos e as ciclovias sejam civilizados.
Dessa vez até uma foto eu consegui tirar. Como é lindo o lugar! Pena que o trânsito as vezes nos tira essa sensação!

Niterói -Estaleiros com força total.

Niterói e São gonçalo voltarão a boa época das construções navais. Acordo firmado por autoridades políticas locais e com a presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva, além do presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielle, foi assinado para a construção de pelo menos mais 146 imbarcações à serem utilizadas pela companhia nas atividades prospectivas nos próximos anos. É um ótimo sinal de revitalização da indústria naval que emprega milhares de pessoas na região e que viveu na década de 90 do século passado seus piores momentos de crise, com milhares de desempregados, o que fez acontecer um "esvaziamento" na economia local.

Distruição de pesquisas.

Mais uma vez vemos pessoas que se dizem ligadas ao MST invadirem uma Universidade Federal, destruir um patrimônio de pesquisas de mais de 10 anos e ao que parece nada irá acontecer.
A UFRPE viu muitos de seus trabalhos simplesmente desaparecerem por ações dos vândalos que se prevalecem do nome de um movimento que deveria ser nobre e inspirador. O motivo para a destruição segundo um dos líderes da invasão(que aparece na tv e tudo mais!) é que:"recebemos uma denúncia de que material transgênico estava sendo produzido ali". Como se ele fosse o chefe de polícia local e como se pesquisa fosse crime!
Quero dividir nesse espaço a minha solidariedade com os amigos de Pernambuco. Vemos aí que a ignorância realmente está fazendo com que pessoas humildes sejam refens desses caras que parecem mais serem seres irracionais frente a enormes exércitos punidos pela falta de conhecimento.
Transgênicos são orgânismos geneticamente modificados que ainda não sabemos se farão bem ou mal a nossa saúde. Por isso mesmo as PESQUISAS são necessárias.
E que o MST volte a ter líderes que pensam em produzir em terras realmente improdutivas para saciar a fome dos trabalhadores expulsos da terra pelo agronegócio. Por esse motivo a sociedade brigaria junto a eles.
Grilagem de terras e destruição de trabalhos científicos são o fim da picada. O MST precisa se desfazer disto.

Política ambiental brasileira. Transgênicos.

Nesta segunda, o programa Roda viva da TVBrasil/Tv Cultura, exibiu uma entrevista com o ministro do meio ambiente Carlos Minc, falando sobre política ambiental para o Brasil. Ele se mostrou bastante otimista a questões que hoje nos parecem bem complexas e difíceis de se resolver. Falou da criação das "guardas parque", que já existem no Rio de Janeiro com o objetivo de fiscalizar e impedir abusos em áreas florestais e parques, falou em dar prosseguimento ao trabalho de Marina Silva nas questões de licenciamentos, porém com maior rapidez, comentou sobre desenvolvimento sustentável na amazônia e não pode fugir da polêmica com alguns governadores da região.
Minc foi muito progressista ao dizer que pretende no Brasil adotar um padrão europeu com relação aos transgênicos, alimentos modificados geneticamente para o ministro terão de ter nas gôndolas de supermercado a especificação da sua produção. Um grande avanço para nós que pretendemos chegar ao mundo civilizado. Não pode dizer se é à favor ou contra os transgênicos, afinal, essa polêmica não precisa ser tocada agora no início de seu mandato, pois contribuiria para mais um "racha" de opiniões, o que não é bom para o momento.
Pelo menos eu me senti faliz com as declarações do ministro. Tomara possamos praticá-las de verdade!

domingo, 8 de junho de 2008

Alguns apontamentos sobre o aquecimento global.

Mudança do clima
O clima na maioria dos lugares se tornará mais quente; em alguns, no entanto, a temperatura será mais fria. No Canadá, na Rússia e na Escandinávia, por exemplo, devem ocorrer processos mais rápidos de aquecimento. Isso se deve, em parte, ao feedback positivo causado pelo degelo, que será mais intenso. A boa notícia é que plantações e árvores crescerão melhor. A má é que grande parte das áreas da superfície, da mais quente à mais fria, devem se aquecer mais do que a média. O aquecimento será mais intenso no interior dos continentes, porque a circulação dos oceanos terá influência moderadora sobre as áreas costeiras.

Costa fria
Os oceanos vão retirar o calor da superfície nas áreas costeiras ou, pelo menos, daquelas que restarem depois que o nível dos mares subir

O quente fica mais quente
Algumas das regiões mais quentes devem sofrer algumas das maiores elevações de temperatura. Grande parte da Ásia do oeste da China até a Arábia Saudita, que regularmente enfrenta temperaturas acima de 40ºC, deve sofrer elevações de 7ºC até o ano 2100. O norte da África e o sul da Europa também devem passar por grande aquecimento. Países com forte influência do mar e clima equilibrado hoje como Irlanda, Nova Zelândia e Chile sofrerão menores mudanças. Outras tendências no planeta, muitas já evidentes, apontam aquecimento maior à noite durante o inverno. Isso sugere menos neve e mais chuva, além de estações de cultivo sem geadas prolongadas nas latitudes medianas.

Europa resfriada
A Corrente do Golfo, parte de um sistema de circulação do oceano no Atlântico Norte, é movida pela formação de gelo no Ártico. Banha o oeste da Europa com águas quentes, especialmente no inverno, e mantém as temperaturas mais altas do que em outros pontos da mesma latitude. Cientistas do Instituto para Pesquisa do Impacto Climático em Potsdam, na Alemanha, prevêem o possível colapso da Corrente do Golfo por causa do aquecimento global. Como resultado, boa parte da Europa irá esfriar.

Fluxo de água quente
A imagem do oceano mostra que a água congelada deixa para trás água salina densa, que desce até o fundo e abre espaço para um fluxo de água quente dos trópicos

Mudanças de rota
Estudos científicos revelam que menos gelo irá se formar por causa do aquecimento do mundo. Essa previsão, associada ao maior fluxo de água doce no Ártico, poderia encerrar o mecanismo de formação de água profunda, que cria a Corrente do Golfo. No início de 2001, pesquisas norueguesas forneceram evidências de que as correntes da região na direção norte diminuíram em 20% desde 1950.

Diferenças na hidrologia
A temperatura não será a única mudança no próximo século. Em muitos lugares, haverá alterações no ciclo hidrológico a circulação de água entre o mar, a atmosfera e a superfície da Terra e, portanto, nos padrões de chuva, enchentes e seca, no fluxo dos rios e na vegetação.

A água irá desaparecer de lugares onde é esperada e necessária e reaparecerá onde é inesperada, ou simplesmente se tornar imprevisível. Como o aquecimento torna a atmosfera mais energética, as taxas de evaporação e formação de nuvens e tempestades deverão aumentar, embora os efeitos dessas mudanças possam variar conforme a localização.

Nem uma gota
A falta de chuva está esvaziando as torneiras e os canais de irrigação do norte da África e Ásia Central até o sul da Europa

Mais seca
A maior evaporação poderá secar o interior dos continentes durante o próximo século. Desertos irão aumentar; oásis, morrer; e fluxo de rios, diminuir, algumas vezes com resultados catastróficos. Ninguém pode prever com precisão o futuro dos rios, mas um estudo sugere declínio de 40% no fluxo do rio Indo, a única fonte de água do Paquistão e um dos maiores sistemas de irrigação do mundo. A mesma pesquisa estima perda de 30% no fluxo do rio Niger, que banha cinco países áridos no oeste da África, e queda de 10% no Nilo, a água vital do Egito e do Sudão.

A Ásia Central pode esperar declínio ainda mais drástico nos rios que escoam no mar de Aral, que já está virtualmente secando por causa da irrigação. Outros mares em risco incluem o Cáspio, o Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos, e os lagos Chade, Tanganica e Malauí, na África. Modelos climáticos indicam também a probabilidade de ocorrer mais secas na Europa, na América do Norte, no centro e no oeste da Austrália. Alguns rios australianos poderiam perder metade de seu fluxo, enquanto o outback (sertão australiano) se tornaria mais seco.

Atualmente, 1,7 bilhão de pessoas vive em países que os hidrologistas descrevem como sob estresse hídrico, porque usam mais de 1/5 de toda a água teoricamente disponível. Estima-se que esse número irá subir para 5 bilhões em 2025. Esse cenário aumenta o espectro da guerra pela obtenção de água. Os países lutariam para controlar o mais precioso de todos os recursos.

A areia se espalha
Com a diminuição da chuva na maior parte do oeste da África, o deserto do Saara está se expandindo

O deserto que era verde
Pinturas em rochas mostram que, no passado, o Saara foi uma região de criação de gado. Pólen fossilizado também revela que existiam florestas, rios e lagos. O Saara se transformou em deserto em poucas décadas, há cerca de 5.500 anos, e poderia voltar ao seu estado original rapidamente, segundo alguns pesquisadores. A região está em uma situação-limite, porque sua vegetação depende dos feedbacks de reforço entre a atmosfera e a vegetação. O estado atual, com pouca vegetação, produz chuvas escassas. Pequeno aumento na quantidade delas (causado pelo aquecimento global) e até na vegetação seria suficiente para fazer o Saara voltar a ser uma selva.

Como o Saara é hoje
A paisagem atual é árida e contém pouca umidade. Há, portanto, pouca evaporação e nenhuma chuva. A maior parte dos modelos climáticos sugere que o Saara ficará ainda mais seco e acarretará a desertificação de áreas próximas.

Como seria amanhã
Caso o Saara fosse coberto pela vegetação, a terra iria absorver mais umidade. Resultado: mais chuvas e maior evaporação.

Aumento das enchentes
Evaporação mais rápida proporciona aumento da umidade no ar. O calor extra e a umidade irão gerar tempestades tropicais mais intensas. Haverá mais chuva nas regiões costeiras, particularmente, e ao longo das rotas das tempestades. A média anual de chuvas aumentou em 10% durante o século 20. Alguns modelos presumem que tempestades inesperadas na várzea do Mississippi, por exemplo, tendem a deixar esse rio ainda mais propenso a enchentes.

O Caribe, o sudeste da Ásia e outras regiões já suscetíveis a furacões e ciclones passam a ter ventos ainda mais fortes, chuvas mais pesadas e enchentes relâmpagos. Partes do sistema de monções da Ásia podem ser ainda mais intensas. Mas a monção também será menos previsível e até mais freqüente. Com maior quantidade de calor na atmosfera tropical e no oceano, o El Niño (ver à direita) tem condições de se tornar um evento quase permanente.

O mar encolheu
O mar de Aral já foi o quarto maior mar interno do mundo. Mas sistemas de irrigação acabaram reduzindo-o imensamente. A salinidade triplicou, a pesca acabou. E o aquecimento global pode fazer esse cenário ficar ainda pior.

Doenças
Um mundo mais quente permitirá que mosquitos levem doenças, como malária e dengue, a países fora dos trópicos.

O que é o El Niño?
Fenômeno natural cuja existência foi rastreada durante milhares de anos, é a reversão periódica dos ventos e das correntes oceânicas na área tropical do oceano Pacífico, que dura entre nove meses e um ano. Esse processo drena os sistemas pluviais da Ásia e provoca secas em áreas úmidas, como Indonésia e Austrália. Enquanto isso, as ilhas dos Mares do Sul, normalmente plácidas, e a costa do Pacífico nas Américas, muito seca, sofrem com tempestades.

"O Aquecimento Global"
Autor: Fred Pearce
Editora: Publifolha
Páginas: 72
Quanto: R$ 16,90

Energia e PIB.

da Efe, em Tóquio

Os ministros de Energia do G8, grupo dos países mais industrializados do mundo, se reuniram neste domingo em Aomori (norte), no Japão, para estabelecer um novo marco de economia de energia que sirva para lutar contra a mudança climática e os crescentes preços do petróleo.

Os representantes de Energia de Japão, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Rússia começaram um encontro de um só dia no qual discutirão as melhores formas de economia de energia, segundo a agência de notícias Kyodo.

Espera-se que o G8 estabeleça as bases da chamada Sociedade Internacional para a Cooperação na Eficiência da Energia, para a qual também convidarão outros países, tais como China e Índia.

A cooperação dentro do novo marco será de caráter voluntário, mas os países do G8 acham absolutamente essencial que as economias emergentes que mais energia consomem façam parte ativa da nova iniciativa, segundo a Kyodo.

A AIE (Agência Internacional da Energia), formada por 27 países industrializados --que não inclui China nem Índia-- contribuirá para o estabelecimento do novo marco.

Índia e China

Segundo a AIE, China e Índia serão responsáveis por quase metade da expansão de demanda de energia entre 2005 e 2030. Além disso, a China superará os EUA como o maior consumidor mundial de energia em 2010.

Espera-se que estes dois países junto com Coréia do Sul se incorporem como convidados ao longo da jornada de reuniões e discutam sobre como estabilizar o mercado do petróleo.

Os 11 países reunidos são responsáveis por cerca de 65% da demanda energética global e pelas emissões de dióxido de carbono, segundo a Kyodo.

"Não é preciso dizer que a mudança climática e a energia são as duas faces da mesma moeda. É indispensável que resolvamos estas questões de uma maneira exaustiva", disse o ministro da Indústria japonês, Akira Amari, no início do encontro.

Como presidente do G8, o Japão considera fundamental o estabelecimento do novo marco de economia de energia, o qual espera que comece a funcionar no ano que vem.

Os representantes de China, Japão, EUA, Índia e Coréia do Sul, cinco dos países que mais petróleo consomem no mundo, manifestaram ontem seu "séria preocupação" com os altos preços do petróleo, após uma reunião realizada também em Aomori.

As duas reuniões de Aomori servirão de base para a cúpula que reunirá os líderes dos países mais industrializados em julho, na ilha de Hokkaido (norte do Japão).

Fim dos subsídios ao petróleo.

Da BBC

Ministros da Energia dos EUA e das quatro maiores economias da Ásia --China, Índia, Japão e Coréia do Sul-- pediram, neste sábado, o fim gradual dos subsídios ao petróleo, depois de uma reunião na cidade de Aomori, no nordeste do Japão.

Os representantes dos cinco países --que juntos são responsáveis pela metade do consumo mundial de energia-- não chegaram a um acordo, no entanto, sobre como e quando isso deve ser feito.

Índia e China indicaram que não pretendem suspender totalmente os subsídios, alegando que um aumento repentino no preço dos combustíveis teria um impacto muito grande para suas populações e que isso representaria um risco para a estabilidade política e social de seus países.

O encontro no Japão aconteceu um dia depois que o barril de petróleo alcançou o preço recorde de US$ 139, na maior alta já registrada em um único dia.

As autoridades que participaram da reunião também afirmaram que a alta nos preços de petróleo é prejudicial tanto para os países consumidores como para os produtores de petróleo, no que foi considerado um recado para os países da Opep, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que têm relutado em tomar medidas como, por exemplo, o aumento da produção.

Choque

O ministro da Energia americano, Samuel Bodman, disse logo antes da reunião que a alta nos preços do petróleo é um "choque", mas não uma crise.

"É um choque, mas se olharmos para a taxa de produção de petróleo mundialmente, ela tem sido de 85 milhões de barris por dia por três anos seguidos. Sabemos que a demanda está aumentando porque muitos países ainda estão subsidiando petróleo, o que tem que acabar", afirmou Bodman.

Tentativas recentes de reduzir os subsídios na Índia e na Malásia levaram a greves e confrontos. Segundo analistas, esse tipo de problema deve se repetir antes do fim da crise causada pela alta nos preços do petróleo e dos alimentos.

Neste domingo, o G8, grupo dos países mais industrializados do mundo, deve pedir que Índia, China e Coréia do Sul concordem em estabelecer metas para a preservação de energia, além de discutir como compartilhar tecnologia para promover nesses países o uso de fontes alternativas, como a energia éolica e a nuclear.

Brasil e o mundo.

Como é bom ser turista brasileiro

“I’m from Brazil!”. “Hi, I’m from Brazil!”. “My name is Fabio, I come from Brazil!”

Nunca repeti tanto isso nos últimos meses. O sorriso do entrevistado se abre, o guarda na fronteira subitamente fica mais gentil. As nuvens desaparecem, o céu fica azul, o sol brilha, os passarinhos cantam... Figurativamente, claro.

Sou um crítico da política externa historicamente tíbia do nosso glorioso Itamaraty, que tem medo até de chamar genocídio de genocídio (veja nossa posição vexaminosa para o Sudão, por exemplo).

Mas tenho de confessar que me beneficio indiretamente dela. Em qualquer canto da África, o Brasil é visto como:

a-) um país amigável e inofensivo;

b-) um país de gente boa, bem-humorada e feliz

c-) um país grande, rico e poderoso (alguns até acham que de Primeiro Mundo, e se assustam quando eu digo que não), mas que mesmo assim se coloca do mesmo lado que seus irmãos mais fracos e menores contra os inimigos comuns: EUA e europeus .

Isso sem falar, claro, no futebol, praias, mulheres etc. etc, que atiçam a imaginação de todos por aqui.

Ao longo desta viagem, eu, sempre que vou me apresentar numa situação mais delicada, solto que sou brasileiro no máximo na terceira frase (geralmente na primeira). Dependendo da circunstância, digo que sou três coisas: jornalista, estudante (tô meio velho para isso, mas ainda cola) ou turista. No Zimbábue, falei também que eu era observador da eleição (!) e diplomata (!!). Mas sempre, em qualquer caso, reforçando que sou brasileiro.

No próprio Zimbábue, em que passei 20 dias trabalhando sem visto de trabalho, confiei na minha condição inofensiva de brasileiro para não ser importunado. Se eu fosse americano ou inglês, provavelmente não teria a mesma coragem.

Por isso, se há um conselho que eu posso dar a quem for fazer uma viagem como essa (ou por qualquer outra parte do mundo, aliás), é: abuse de sua condição de brasileiro. Ok, você vai ter que pagar um pedágio, falar de futebol, vai ter que responder se conhece o Kaká e aquela chatice toda.

Mas vale a pena. O viajante brasileiro é sempre abençoado por Deus e bonito por natureza.

Escrito por Fábio Zanini- Jornlista da Folha de São Paulo em seu blog "Pé na África."

quarta-feira, 4 de junho de 2008

David Palmer para presidente!

Barak Obama venceu as primárias americanas e vai disputar as eleições pelo partido Democráta. Será o primeiro candidato negro e muçulmano nos EUA a disputar uma eleição presidencial. Algo só visto antes em "24 horas" do candidato e presidente David Palmer, que era contra qualquer maracutáia ou chantagem em seu governo. É claro que uma parcela dos americanos deseja mudanças no país, que teve seus últimos anos assolados pela guerra do Iraque, por atentado terrorista e uma série de tempestades quem tiram a auto-estima do povo. Eles estão afundados em dívidas e problemas com moradia, dependem dos estrangeiros para movimentar o país. Seria Obama, filho de imigrantes africanos, a solução para esses conflitos? Uma parcela do povo já admite que sim.
Naçoes muçulmanas no mundo comemoram o feito.

Etanol.

O etanol é o produto mais comentado da atualidade. Em qualquer conversa de botequim é citado ( e não só pela cachaça!). Tido como idéia central em conferências internacionais ou não, ele pode ser um problema ou solução.
Ele é produzido a partir de insumos que absolvem CO². O mesmo é liberado na queima dos óleos combustíveis e despejado na atmosfera. Hoje 21% das emissões mundiais do gás que causa o efeito estufa e o consequente aquecimento global vêm daí. Hoje no mundo existem mais de 800 milhões de veículos que necessitam de combustível para rodar.
Em janeiro, quando o presidente dos EUA GeorgeW. Bush, pressionado por questões mundiais relativas a não ratificação do protocólo de Kyoto, resolveu tentar solucionar sua "crise de falta de popularidade", lançou o mundo a uma nova ordem de busca por equações que pudessem sanar sua problemática. Bush pediu a seu congresso para que ajudasse o país a conseguir diminuir o consumo de petróleo em 20% nos próximos 10 anos. Uma missão que fez com que o produto antes voltado para a alimentação agora tivesse que alimentar os tanques da maior frota automobilistica do planeta.
O etanol americano é produzido com o milho. O preço do produto dobrou devido a sua função salvadora e anti-terrorista (uma vez que os maiores inimigos americanos são os maiores produtores petrolíferos). Agricultores de Iowa, maior estado produtor americano , sorriem de orelha a orelha e agradecem a Deus pelo presente que lhes foi dado. Usinas para a produção surgem a todo momento. Um dos problemas de Iowa é que o produto final do refino, serve apenas para alimentar cabeças de gado, mas estes estão longe da província, que só tem criações de porcos e frangos. Iowa terá de expulsá-los e trazer o gado para seus pastos.
No vizinho México, uma das principais fontes de alimentação da população foi ameaçada. O preço das "tortilhas" de milho que alimentam o país teve aumentos de até 200% e criou uma crise sem precedentes ao governo do presidente Felipe Calderon que enfrentou "panelaços" pelas ruas da capital. Mas estudos mostram que a produção destinada ao país vizinho não tem nada haver com a situação, e sim as especulações, que fazem com que as empresas produtoras combinem o aumento dos preços.
Bush buscou ainda firmar acordos com o Brasil, líder mundial na produção, para desenvolver tecnologias produtoras em seu país. Esteve em solo brasileiro e conheceu refinarias, conversou com Lula e teve no tempo presente na América do sul a oposição do grande produtor Hugo Chaves, presidente venezuelano, que em seu discurso diz que o que os EUA fazem hoje é "tirar o alimento dos pobres para por em seus tanques", fato que segundo ele gera problemas de violência na região.
Os europeus ainda não se decidiram sobre a sua produção. Os suécos são os mais avançados no uso dos biofuels. Hoje, os espanhóis produzem o etanol, mas ainda não o usam em grande escala e têm que vendê-los ao exterior. Pensam em produzir o combústivel a partir de resíduos orgânicos, o que seriam os biocombustíveis de segunda geração.
Claro que as empresas de petróleo, que são as donas das maiorias dos postos combustíveis, são contra a expansão dos biocombustíveis, embora em algumas áreas essas empresas estejam se empenhando em acompanhar o processo evolutivo inevitável. Ontem na conferência da FAO, o presidente Lula fez essa acusação aos que se opõe ao líder e absoluto etanol brasileiro. Lula disse que "os que se opõem ao etanol brasileiro são os que têm o dedo sujo de óleo".
Para um bom entendedor, poucas palavras bastam!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Restinga ou cordão litorâneo de Maricá. Uma questão importante.

Uma questão ambiental complexa. PIB e desenvolvimento ou manutenção da vida, principalmente dos mais pobres. O projeto dos construtores espanhóis e portuguêses que vêm despejar seus Euros valiosos no município de Maricá- RJ é um dos exemplo de que o mundo é controverso, e que é preciso construir e desenvolver, mas também preservar a identidade de um povo, uma comunidade, uma história.
Assista a matéria em :http://br.youtube.com/watch?v=d4e6WSq12tA
e a parte 2 em:http://www.youtube.com/watch?v=grVV9xXPlY8

Cinco causas da crise de alimentos. Por Raj Patel.

Raj Patel é professor da Universidade de Berkeley nos EUA. É especialista em alimentos e já trabalhou no BIRD e na OMC. Lançou o livro "Stuffed and Starved" algo como "entupidos e esfomeados" onde analisa o fato de 1/6 da população mundial passar fome enquanto 1/6 da população sofre de obesidade. Para ele o mundo não deve seguir o modelo alimentar americano. Aponta ainda as cinco causas do problema mundial da falta de alimentos:
1-Preço do petróleo, tanto pelos transportes de mercadoria quanto pelos insumos agrícolas;
2-Colheitas ruins ( que alguns dizem ser problema do aquecimento global)
3-Maior demanda por carne bovina e de aves em países em desenvolvimento, o que puxa a maior demanda por cereais;
4- Os biocombustíveis;
5- Expeculação financeira .
Raj diz que comer carne significa luxo, riqueza. Os americanos vêm reduzindo o consumo de carne por causa do seu preço e por isso tendo seu hábitos modificados.

Esse texto foi adaptado de "O Globo" Cláudia dos Santos, em 25/05/2008

Educação financeira.

Com a moeda estável, facilidade de crédito rápido oferecido por financeiras, parcelamentos gigantescos entre outros, temos visto no Brasil um aumento na aquisição de bens imediatos. Mas umas perguntas devem ser feitas: Até quando? E o futuro disso? É viável? Ou acontecerá como nos Estados Unidos? Será que estamos pensando nas nossas aposentadorias? Será que prevemos gastos emergenciais nesse meio tempo?
Recebí de presente um livro muito bacana do Mestre em administração formado pela USP Gustavo Cerbasi e que me respondeu a algumas dessas questões que já vinha maquinando a algum tempo. O livro chama-se "Casais inteligentes enriquecem juntos" da editora Gente. Nele, o autor fala do planejamento familiar, dos gastos, ensina a preparar o futuro econômico, mas principalmente a ter disciplina e visão.
Nestes tempos da sociedade do consumo, em que é preciso "ter" para "ser", somos fisgados a todo instante a sempre querer mais. A ter o carro zero, a ter os eletrônicos da moda, as roupas da moda. Isso é uma armadilha as nossas vidas e sempre tenho o maior cuidado para não ser atraído por esse furacão de desejo que é a vontade de comprar. As vezes é inevitável, mas sempre deve-se ponderar muito sobre os métodos a que somos submetidos.
Nunca uma compra a prazo pode ser mais vantajosa que uma compra à vista. Nunca um cartão de crédito poderá jogar a seu favor (veja que no mínimo ele te cobrará uma taxa chamada anuidade), ter lazer não quer dizer "ter que gastar dinheiro!". Parece coisa de "pão duro", mas é a realidade amigos. Apenas a propaganda nos diz o oposto.
Creio que a educação financeira se for trabalhada na escola poderá frear um pouco essa fome de consumo e imediatismo. Acredito mais nas crianças como multiplicadoras desta idéia. É preciso aprender a planejar o futuro desde cedo. O Banco Central, a Comissão de valores monetários e o Ministério da educação estão com projetos para que isso ocorra e tomara não demore muito. O número de individados é cada vez maior no país. Ainda podemos consertar esse fato.

domingo, 1 de junho de 2008

Agricultura familiar- o abastecimento do Brasil.

Em meio à disparada de preços, agricultura familiar sofre com atravessador e desigualdade

Publicada em 31/05/2008 às 15h04m

Globo Online

RIO, SÃO JOÃO (PE) e IPÊ (RS) - Responsável por 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros, a agricultura familiar também colhe os frutos da disparada nos preços internacionais de grãos. Embalados por um forte aumento do crédito para o setor, os pequenos apostaram em suas lavouras e, agora, estão conseguindo preços um pouco melhores para seus produtos. Mas, para a agricultura familiar, os ganhos com o cenário internacional favorável nem de longe se aproximam do aumento de renda obtido pelo agronegócio, dizem os especialistas. É o que mostra a reportagem de Luciana Rodrigues, Letícia Lins e Higino Barros, publicada no Globo deste domingo.

Dificuldade de acesso ao mercado comprador, ausência de mecanismos para fazer estoques e aguardar picos de preços, barreiras técnicas e de acesso à terra reduzem os ganhos dos pequenos. E, quanto menor e menos organizado o agricultor, mais os lucros ficam na outra ponta da cadeia - ou seja, com o atravessador.

A escala de ganhos reproduz a histórica desigualdade brasileira. No Sul, onde as famílias possuem médias propriedades, formam cooperativas e têm acesso à tecnologia, os ganhos são vistos em carros na garagem; no Nordeste, os pequenos conseguiram feitos mais modestos, como a compra recente de eletrodomésticos.

Savanização.

BRASIL: CARRASCO E VÍTIMA

"Carrasco e vítima" talvez seja a melhor definição para o papel do Brasil no xadrez climático global. Apesar de subdesenvolvido, o país é o quinto maior emissor de gases-estufa do planeta. E, como todo país subdesenvolvido, sentirá de forma desproporcionalmente alta os impactos da mudança climática ao longo do século 21 e além.

Cerca de 75% do um bilhão de toneladas de gás carbônico emitidas pelo Brasil todos os anos vêm de mudanças no uso da terra. Em português mais claro: desmatamento. E quase todo o desmatamento se concentra na Amazônia. A maior floresta tropical do planeta já perdeu 600 mil quilômetros quadrados (15% de sua área) para lavouras, pastos e cidades. Até o ano 2100, poderá perder aproximadamente 20% para o aquecimento global, num fenômeno conhecido como savanização.

A hipótese de savanização foi desenvolvida em 2003, pelos pesquisadores Marcos Oyama e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Eles criaram um modelo de vegetação potencial que, inserido no modelo climático do Inpe, estimava o efeito do aumento da temperatura sobre o tipo de vegetação nos vários biomas brasileiros (Amazônia, cerrado, mata atlântica, Pantanal, pampas e caatinga). O modelo prevê que, com 3ºC de aquecimento, uma porção da floresta amazônica fica seca demais para poder sustentar o tipo de vegetação que comporta hoje, com grandes árvores de folhas largas.

Onde há uma exuberante mata pluvial passará a crescer uma espécie de savana (cerrado) empobrecida. Uma vez que o efeito se instala, ele pode virar um dominó, arrastando boa parte da Amazônia. Isso porque uma parte significativa das chuvas na região Norte do
país é gerada na própria floresta, pela evaporação da água no solo e, sobretudo, pela transpiração das árvores, propagando-se no sentido nordeste-sudeste como num jogo infantil de passa-anel. Uma vez que a parte central-leste da floresta (que já é naturalmente mais seca) se savaniza, a cadeia de reciclagem de chuvas se interrompe, savanizando uma área ainda maior.

Nas palavras de Nobre, cria-se um "novo estado de equilíbrio" entre clima e vegetação, no qual é impossível voltar ao estado anterior. Ou seja, uma vez transformada em savana, a floresta nunca mais voltará a ser floresta.

Isso já seria uma catástrofe para a biodiversidade e motivo mais do que suficiente para tentar evitar que o aquecimento de 3ºC aconteça. Mas há mais detalhes nesta história: o ciclo de chuvas na Amazônia determina também o transporte de umidade para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Com a floresta modificada, o restante do Brasil ficaria automaticamente mais seco, e os rios que fornecem água e geram energia para a maior parte da população nacional teriam seu fluxo comprometido, especialmente na região Sul e na bacia do rio da Prata. Savanização, portanto, rima com apagão. Um bom motivo para qualquer empresário paulista se preocupar com a floresta, muito além de plantinhas e bichinhos.

As contas originais de Oyama e Nobre identificaram a temperatura mínima para disparar o fenômeno, mas não estimaram qual seria a probabilidade de isso acontecer de fato - o objetivo não era fazer uma previsão do clima e sim detectar mudanças nos biomas. Um grande estudo liderado por José Marengo, também do Inpe, cuidou da projeção. 21 Marengo cruzou dados de vários modelos climáticos usados pelo IPCC com modelos regionais de alta resolução desenvolvidos pelo próprio Inpe e pela USP para projetar mudanças do clima na América do Sul até o fim do século 21. Ele chegou a conclusões assustadoras: a temperatura na Amazônia poderá crescer de
3ºC a 5,3ºC (bem mais que a média nacional) até o fim do século, com uma elevação de inacreditáveis 8ºC no pior cenário. Isso sem contar o desmatamento, que em si mesmo também tem o poder de causar savanização, aquecendo o leste amazônico em até 4ºC.

O mesmo estudo estimou ainda temperaturas para o Nordeste, o Pantanal e a bacia do rio da Prata. Dentre todas essas regiões, a elevação mínima de temperatura dada pelos modelos em 2100 é de 2,2ºC. Nesse cenário, além de a Amazônia virar cerrado, a caatinga desapareceria, transformando o semi-árido nordestino em um deserto.

SÃO PAULO DA BORRACHA

Ao longo dos últimos cinqüenta anos, o Inpe já verificou que o Brasil esquentou mais do que a média mundial no século 20. As temperaturas máximas anuais no país subiram 0,7ºC somente nesse último meio século, enquanto o aquecimento durante o inverno chegou até 1ºC. O número de noites quentes no ano subiu de 5% no começo do século 20 para 35% no começo do 21. O de dias frios caiu de 25% a 30% na década de 1970 para 5% a 10% entre 2001 e 2002. "É comum ouvir das pessoas com mais de cinqüenta anos, especialmente no Sul e no Sudeste, a observação de que não faz mais frio como antigamente. Essa percepção é correta", escreveram Nobre e Marengo.

Tudo isso já tem impacto sobre um dos carros chefes da economia nacional, a agricultura no Estado de São Paulo. Um estudo desenvolvido em conjunto por Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Hilton Pinto, da Universidade Estadual de Campinas, mostrou que o café, que fez de São Paulo o estado mais rico do país no século passado, está sumindo aos poucos, cedendo lugar para uma forasteira insuspeita: a seringueira, nativa da quente Amazônia.

Para florescer, o café precisa de um clima quente, mas não muito: não pode haver mais do que cinco dias com temperaturas superiores a 34ºC durante a época da floração, no outono. Sem esses pudores climáticos, a seringueira tende a prosperar. Em 1990, a região de São José do Rio Preto, fronteira da cafeicultura paulista, tinha 2,3 mil hectares cultivados com borracha.

Em 2005, essa área havia crescido dez vezes. Dos computadores de Pinto e Assad brotam os novos mapas da agricultura brasileira. Para o café, um aumento de 5,8ºC na temperatura (o cenário pessimista das previsões do Inpe) significa uma redução de 92% da área apta para o plantio em São Paulo, Minas Gerais e Paraná - praticamente os únicos Estados que cultivam o grão. A cafeicultura migraria para o Rio Grande do Sul, o Uruguai e a Argentina. Uma elevação de meros 3ºC já significaria, para essa cultura, um prejuízo de R$ 2 bilhões.

Ainda mais emblemático - e problemático - é o caso da soja, menina dos olhos da agricultura nacional, que só em 2005 contribuiu com US$ 8,7 bilhões para a balança comercial brasileira. 25 A planta se dá bem em uma faixa extensa de terras no Brasil, que vai do Rio Grande do Sul ao Amapá, passando por Goiás, parte de Minas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Pará. No pior cenário de elevação de temperatura, com a redução das chuvas das quais o grão tanto necessita, ela se torna viável apenas em um pedaço da Amazônia e do Paraná. No Rio Grande do Sul, onde seu cultivo começou, ela desaparece por completo.

Texto de Cláudio Angelo , autor do livro "O aquecimento global" extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u367502.shtml