domingo, 8 de junho de 2008

Brasil e o mundo.

Como é bom ser turista brasileiro

“I’m from Brazil!”. “Hi, I’m from Brazil!”. “My name is Fabio, I come from Brazil!”

Nunca repeti tanto isso nos últimos meses. O sorriso do entrevistado se abre, o guarda na fronteira subitamente fica mais gentil. As nuvens desaparecem, o céu fica azul, o sol brilha, os passarinhos cantam... Figurativamente, claro.

Sou um crítico da política externa historicamente tíbia do nosso glorioso Itamaraty, que tem medo até de chamar genocídio de genocídio (veja nossa posição vexaminosa para o Sudão, por exemplo).

Mas tenho de confessar que me beneficio indiretamente dela. Em qualquer canto da África, o Brasil é visto como:

a-) um país amigável e inofensivo;

b-) um país de gente boa, bem-humorada e feliz

c-) um país grande, rico e poderoso (alguns até acham que de Primeiro Mundo, e se assustam quando eu digo que não), mas que mesmo assim se coloca do mesmo lado que seus irmãos mais fracos e menores contra os inimigos comuns: EUA e europeus .

Isso sem falar, claro, no futebol, praias, mulheres etc. etc, que atiçam a imaginação de todos por aqui.

Ao longo desta viagem, eu, sempre que vou me apresentar numa situação mais delicada, solto que sou brasileiro no máximo na terceira frase (geralmente na primeira). Dependendo da circunstância, digo que sou três coisas: jornalista, estudante (tô meio velho para isso, mas ainda cola) ou turista. No Zimbábue, falei também que eu era observador da eleição (!) e diplomata (!!). Mas sempre, em qualquer caso, reforçando que sou brasileiro.

No próprio Zimbábue, em que passei 20 dias trabalhando sem visto de trabalho, confiei na minha condição inofensiva de brasileiro para não ser importunado. Se eu fosse americano ou inglês, provavelmente não teria a mesma coragem.

Por isso, se há um conselho que eu posso dar a quem for fazer uma viagem como essa (ou por qualquer outra parte do mundo, aliás), é: abuse de sua condição de brasileiro. Ok, você vai ter que pagar um pedágio, falar de futebol, vai ter que responder se conhece o Kaká e aquela chatice toda.

Mas vale a pena. O viajante brasileiro é sempre abençoado por Deus e bonito por natureza.

Escrito por Fábio Zanini- Jornlista da Folha de São Paulo em seu blog "Pé na África."

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