Em apenas mil dias, o que era apenas mato e terra virou uma cidade. E não uma cidade qualquer, mas a capital do quinto maior país do mundo. Para isso, milhares de homens saíram, sobretudo do Nordeste, para concretizar os traçados do urbanista Lúcio Costa e dar forma às curvas do arquiteto Oscar Niemeyer. Políticos e funcionários públicos deixaram gradativamente a antiga capital do país rumo ao Centro-Oeste. E Juscelino Kubitschek, o então presidente brasileiro e executor dessa obra faraônica, fechou os portões do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, e passou a ocupar o Catetinho, primeira residência oficial de JK na nova capital da República. Era 21 de abril de 1960, e Brasília nascia.
Nesses últimos 50 anos, muitas águas rolaram no local. Ela foi palco de denúncias de corrupção, de descaso político, e até mesmo de um impeachment (do Presidente Fernando Collor de Mello, em 1992). O traçado em forma de avião concebido por Lúcio Costa foi relativamente desfigurado, com o crescimento desordenado da periferia de Brasília - as chamadas cidades-satélites.
Mas, ainda sim, a arquitetura da cidade continua a encantar o Brasil e o mundo. Brasília foi considerada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade e tombada pela UNESCO em 1987. Além disso, a transferência da capital para o interior do país foi fundamental para o desenvolvimento dessa região e para uma maior integração do território brasileiro. Além de dinamizar as relações entre regiões do país, foi em Brasília que se deu o encontro de cariocas, paulistas, mineiros, sulistas e nordestinos. Dessa mistura nasceu o brasiliense, ou o "candango" - nome que designa tanto os nativos de Brasília como os operários que ergueram a capital.
Do litoral ao Planalto Central
Apesar de Brasília ter sido concebida e construída durante o governo de Juscelino Kubitschek, a ideia de transferir a capital do litoral para o interior do Brasil é antiga. Já no início do século XIX, havia quem defendesse a criação de uma capital longe dos portos, para a proteção do país. O nome "Brasília" data de 1823.
A primeira Constituição da República, em 1891, estabelecia, para o futuro, a construção da capital do Brasil no interior do país. Uma expedição foi organizada, em 1892, para desbravar o território onde futuramente seria estabelecido o Distrito Federal.
Mais de meio século depois, coube a Juscelino, durante um comício de eleição, declarar que, se fosse eleito, realizaria a transferência da capital para o Planalto Central. O presidente, autor do Plano de Metas, que queria transformar cinquenta anos em cinco, fez da construção de Brasília a meta-síntese de seu governo.
Enquanto os partidários de Juscelino Kubitschek ressaltam a visão estratégica e desenvolvimentista do presidente ao construir Brasília, historiadores e opositores lembram o medo que tinha de ser destituído caso continuasse a governar do Rio de Janeiro. O certo é que a construção de Brasília pertence a um processo de interiorização do país, do qual fazem parte as construções de Belo Horizonte, de Goiânia e, mais recentemente, de Palmas.
A projeção internacional da construção de Brasília foi enorme. Mas os reflexos internos dessa mudança são ainda mais fortes no Brasil. Apesar de não ter sido consenso na época, atribui-se à criação de Brasília o desenvolvimento recente de regiões interioranas do país e o sucesso econômico do Centro-Oeste.
Texto retirado do site "Conexão professor"- http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/brasilia.asp
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