quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um exemplo de interdisciplinaridade. Geografia +Biologia.

A ORIGEM HUMANA

A evolução humana é uma das áreas mais discutidas da biologia. Houve época em que os paleoantropólogos a viam como um processo quase linear, com um número relativamente pequeno de ramos na árvore familiar humana. Mas nos últimos anos novas descobertas de fósseis revelaram que pelo menos meia dúzia de espécies de hominídeos podem ter vivido em algum momento. O interessante é que, de toda a família de hominídeos, restamos apenas nós.

A família hominídea
Os hominídeos surgiram quando nossos ancestrais finalmente se separaram dos macacos, divisão evolutiva datada atualmente entre 6 e 8 milhões de anos atrás. Um grande número de fósseis deixa claro que os hominídeos surgiram na África e depois se espalharam para outras partes do mundo. Os primeiros membros da família - pertencentes ao gênero Ardipithecus - tinham muitas características semelhantes às dos macacos, mas os australopitecinos, que os seguiram, tinham a postura ereta, assim como o cérebro ligeiramente maior. O Homo habilis, que surgiu cerca de 2,4 milhões de anos atrás, marcou o início da linhagem que levaria diretamente a nós. Foi o primeiro capaz de fazer ferramentas de que se tem notícia, e provavelmente o último de nossos ancestrais a viver exclusivamente na África.

Em contrapartida, seu sucessor, o Homo erectus, se espalhou pela Europa e também pela Ásia. Tendo surgido há aproximadamente 2 milhões de anos, essa espécie era muito mais hábil na construção de ferramentas, e cinzas encontradas em sítios de fósseis indicam que também fez uso do fogo. Ainda existem dúvidas sobre a nossa evolução. E, para complicar um pouco mais, estudos recentes levam a crer na coexistência, durante pelo menos meio milhão de anos, entre H. habilis e H. erectus.

Visões conflitantes
Há duas explicações conflitantes a respeito da evolução humana. Segundo a hipótese multirregional, os humanos modernos evoluíram a partir do Homo erectus em várias partes diferentes do mundo. Normalmente, esse tipo de processo produziria várias espécies separadas, mas os multirregionalistas acreditam que os primeiros humanos freqüentemente cruzavam entre si, impedindo a formação de espécies locais. Outra hipótese é de que os humanos modernos evoluíram na África e depois migraram para outras partes do mundo, substituindo os hominídeos que já se encontravam ali.

Relógio mitocondrial
Para resolver essa questão, as evidências fornecidas por seres humanos vivos são tão importantes quanto aquelas fornecidas pelos fósseis. Esses dados modernos foram tirados do pequeno DNA circular encontrado na mitocôndria - as usinas energéticas das células vivas. Ao contrário do DNA encontrado no núcleo das células, o DNA mitocondrial (DNAmt) é uma herança intacta inteiramente materna. O resultado é que as únicas mudanças são as mutações aleatórias, que se estabelecem ao longo do tempo. Desde o final dos anos 1980, vêm sendo feitas tentativas para ler esse relógio DNAmt, para datar o mais recente ancestral comum a todas as pessoas que vivem na Terra.

Lá e cá
Até agora, dados obtidos a partir do DNAmt indicam que os humanos modernos surgiram na África entre 140 mil e 300 mil anos atrás. Alguns pesquisadores supõem que eles emigraram da África numa única onda, talvez por volta de 50 mil anos atrás, mas, segundo estudos genéticos recentes, pode ter havido várias ondas, e a migração também pode ter ocorrido na direção inversa. Quaisquer que sejam as datas precisas, o DNAmt humano é muito semelhante em pessoas de todo o mundo, indicando que nossa espécie ainda é jovem - em outros primatas, o DNAmt é bem mais diversificado.

Então havia um
Se a hipótese da origem africana for verdadeira, então o que aconteceu aos hominídeos que já estavam na Europa e na Ásia quando chegaram os homens modernos? Na época, esses habitantes eram os neandertais - hominídeos de estrutura forte com crânio maior do que o dos homens atuais. Alguns paleoantropólogos acreditam que os neandertais se misturaram com os seres humanos modernos, mas a maioria suspeita que eles tiveram um destino mais desolador. Apesar do tamanho do crânio, foram superados tecnologicamente pelos recém-chegados. Por exemplo, parece que os neandertais nunca inventaram armas que pudessem ser atiradas. Depois de milhares de anos sendo marginalizados, acabaram extintos.

Retirado do livro "Evolução"
Autor: David Burnie
Editora: Publifolha

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