segunda-feira, 21 de julho de 2008
Perfís falsos.
"Alguma coisa no seu vestuário é made in China, pode conferir!" O problema é maior do que pensávamos.
A sociedade de consumo esbarra na última fronteira produtiva da atualidade como sendo uma divisão entre o bem e o mal, a facilidade de acesso aos produtos que a televisão nos mostra a cada dia e que os maravilhosos chineses nos produzem com tamanha vantagem que nem se quer perguntamos o por quê de tanta facilidade.
Desde que nos anos 70 os nossos amigos orientais aceitaram a lógica capitalista produtiva como maneira de fazer o longínquo país crescer a taxas absurdamente altas (em torno de 10% ao ano) estamos vendo as coisas materiais que hoje são religiosas invadindo as nossas casas, tomando conta das prateleiras dos grandes centros comerciais e nos envolvendo da cabeça aos pés.
A revolução produzida através das zonas econômicas especiais chinesas, situadas ao longo da sua costa marítima baratearam demais o ato de produzir que desde a revolução industrial sempre buscou a maximização dos lucros. As multinacionais mudam a sua produção para a China desde então, fecham fábricas em países tradicionalmente industriais que deixam milhares de pessoas sem emprego e com gostinho amargo de derrota perante o pessoal dos olhinhos puxados.
Mas acontece que as grandes multinacionais que investem a cada dia mais em propaganda, mascotes, esportistas e modelos famosos estão provando o gostinho do próprio vício em maximização de lucros. E esse veneno se chama pirataria.
É mais ou menos assim: Um empresário viaja até a China, e conhece o dono de uma fábrica que lhe oferece milhares de vantagens e barateamento de custos. Quando as altas cifras calculadas percorrem a mente deste criativo, ele libera a sua planta de construção ao chinês bom de negócio que em primeira instância não lhe parece suspeito e então começa o processo produtivo. A partir daí, grandes marcas viram “fakes” porque após a primeira produção ser embarcada em containers rumo aos destinos finais (locais de consumo) a planta da produção ainda está em poder do chinês bonzinho, que produz mais e mais, e a cada dia mais aperfeiçoa a sua falsificação, em fábricas claro clandestinas, com operários que trabalham 18, 20 horas por dia, assim como os primeiros trabalhadores das fabricas no início do século XVIII. Muitas das vezes, os empregados são crianças, mulheres, tanto faz. Quando se faz negócios, normalmente uma parte do cérebro humano fica apagado dessas mazelas. Isso infelizmente é normal.
O que se pode porém observar é que ninguém costuma falar mal do governo chinês. Veja que em véspera de jogos olímpicos ainda se questiona se os jornalistas estrangeiros terão liberdade para cobrir o espetaculoso evento esportivo. A resposta é óbvia, não! As grandes multinacionais embora sejam afetadas pela concorrência desleal dos fakes, ainda assim não querem entrar em embate com o governo daquele país. É melhor levar esse prejuízo.Alguns diretores dessas fábricas são ainda burocratas do próprio governo de Pequim. Impossível falar ou fazer algo contra eles.
Quando compramos produtos falsificados não pusemos isso na ponta do lápis. A fome de crescimento chinês consome as suas reservas minerais, destrói seu meio ambiente, desapropria famílias de áreas de interesse comercial, explora crianças, homens e mulheres. Um investigador chinês trabalhando para empresas estrangeiras uma vez chegando a uma fábrica de bolsas numa província do país se espantou ao ouvir no fundo da mesma, uma musiquinha infantil e achou que iria se surpreender: “puxa, essa fábrica tem até uma creche para os filhos de operários!” Mas a surpresa foi ainda maior ao constatar que no caso citado, os operários eram as próprias crianças.
Mas será muito difícil fazer com que se consuma conscientemente. Minha função aqui não é fazê-lo não comprar nada pirata. Nunca isso será possível. Se você gosta dessa ou daquela marca famosa que aparece diariamente na TV. A meta do blog Geografia atualidade é somente informar e discutir os diversos pontos de vista. Não quero parecer um chato!
A China continuará a crescer e os países centrais, ou desenvolvidos continuarão com a função de serem escritórios de design e lançadores de tendências. Ainda existem 900 milhões de chineses que sonham em ser empregados de fábricas. Produzir por lá continuará barato.
O problema será que as falsificações estão migrando para o mercado de softwares, alimentos e até remédios.
Aí você se dá conta de como o caso é complicado. Ou não!
Já pensou em tomar remédio falsificado?
Eles já falsificam até ovo de galinha! Fica mais barato que criar o animal!
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